IBGE evita falar em recuperação do varejo

Apesar da expansão de 1,1% nas vendas do comércio varejista em agosto ante julho, ainda não é possível falar em uma recuperação do setor, segundo Juliana Vasconcellos, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além de não recuperar a queda acumulada em meses anteriores, os resultados na margem costumam apresentar variações fortes de um mês para o outro, sujeitas a revisões futuras.

“A gente teve uma recuperação na margem, mas como é um resultado nervoso (que oscila muito), a gente não sabe se é recuperação mesmo”, ponderou Juliana. A pesquisadora chamou atenção para o resultado da média móvel trimestral das vendas, que acumula seis meses de taxas negativas. O indicador é usado para medir tendência, uma vez que procura amenizar resultados extremos e pontuais.

“Pela média móvel, você vê que já está em seis meses de queda. A comparação mês contra mês anterior é muito volátil. Não dá para falar muito em recuperação ou não”, disse ela. “Pode ser que passada essa época de Copa do Mundo, em que a atenção das famílias estava voltada para outra coisa, pode ser que agora, com a volta às aulas, elas tenham voltado a consumir”, acrescentou.

No entanto, Juliana lembrou que o resultado de agosto em relação ao mesmo período do ano anterior ficou negativo em 1,1%. Fatores conjunturais têm determinado um ano desfavorável para o comércio. “A gente pode dizer que não está sendo um ano favorável, com a contenção do crédito, a renda crescendo menos, e a conjuntura econômica não favorável”, citou Juliana.

A pesquisadora lembrou dados do Banco Central que mostram uma desaceleração no ritmo de crescimento do crédito com recursos livres, que era 9,2% em agosto de 2013, passando a 5% em agosto deste ano. “O governo já vem incentivando o comércio há algum tempo, então é normal essa desaceleração no consumo das famílias”, apontou.

Quanto às eleições, segundo Juliana, a corrida eleitoral é apenas uma das componentes que afetam as expectativas das famílias. De acordo com a pesquisadora, a série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio não mostra alterações no volume vendido em período eleitoral.

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