O técnico da coordenação de serviços e comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Nilo Lopes, disse hoje que as quedas nas vendas do comércio varejista em março (-0,5%) e em abril (-0,2%), ante mês anterior, devem ser entendidas como uma “estabilidade”. No entanto, ele ressalta que, apesar do desempenho “estável” nos últimos dois meses, ocorreu uma desaceleração importante no crescimento das vendas no varejo desde setembro do ano passado, por causa do agravamento dos efeitos da crise no País. “O comércio está positivo, mas não está crescendo, e provavelmente não vai crescer, como ocorria até setembro do ano passado”, disse.

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Lopes exemplificou que o indicador acumulado em 12 meses das vendas varejistas passou de uma alta de 10,3% em setembro do ano passado para 9,1% em dezembro de 2008 e 7,1% em abril de 2009. Ele afirmou que os dados em 12 meses mostram que as atividades que mostraram desaceleração mais significativa foram aquelas vinculadas ao crédito, como móveis e eletrodomésticos (16,9% em setembro, para 15,1% em dezembro e 8,3% em abril) ou, no caso do varejo ampliado, de veículos, motos, partes e peças (21% em setembro, 11,9% em dezembro e 5,1% em abril).

IPI

O técnico da coordenação de serviços do IBGE disse que o resultado das vendas varejistas de móveis e eletrodomésticos em abril ainda não mostra efeitos da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os produtos de linha branca (fogões, geladeiras e lavadoras), que só ocorreu a partir da segunda metade de abril.

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Naquele mês, as vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 2% ante março e recuaram 10% ante abril do ano passado. Segundo Lopes, esse segmento está mostrando nos últimos meses resultados negativos por causa da redução da oferta e prazos de crédito, insegurança dos consumidores e, ainda, “uma demanda mais satisfeita” por esses produtos após um forte crescimento ocorrido nos últimos cinco anos.

Ainda de acordo com Lopes, do início de 2004 até o fim de 2008, as vendas de móveis e eletrodomésticos tiveram uma alta acumulada de 115%.

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Páscoa

O aumento de 14,1% nas vendas de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que definiu a alta de 6,9% nas vendas do comércio varejista em abril ante igual mês do ano passado, teve forte influência do efeito calendário, segundo Lopes. Como a Páscoa em 2009 ocorreu em abril, enquanto em 2008 havia sido realizada em março, a data determinou o forte crescimento dos hiper e supermercados, que apresentaram em abril deste ano a maior alta desde abril de 2006.