Apoiado na agroindústria, o Paraná foi um dos dois únicos locais pesquisados pelo IBGE a apresentar crescimento no nível de emprego industrial em 2003. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal de Empregos e Salários (Pimes), a alta de 2,3% no acumulado do ano foi motivada basicamente pelo setor de alimentos e bebidas – que cresceu 9,8%, enquanto no País teve expansão de 2,9%. O melhor desempenho do ano passado foi registrado nas regiões Norte e Centro-Oeste: 3,7%. No País, a ocupação assalariada na indústria diminuiu 0,5% em relação a 2002, refletindo redução em nove das quatorze áreas pesquisadas.
“Em 2003, a produção industrial foi sustentada pelas vendas externas. Como grande parte das exportações está ligada à agroindústria, Paraná e Rio Grande do Sul foram beneficiados pelo dinamismo de um setor que parecia não ter fôlego para crescer, mas já mostrou que vai crescer mais em 2004”, destaca a economista Isabella Nunes Pereira, do Departamento de Indústria do IBGE, gerente da Pimes. A produção industrial do Paraná fechou 2003 com a terceira maior alta entre as regiões pesquisadas pelo IBGE: 3,0%, abaixo somente de Espírito Santo (11,6%) e Rio Grande do Sul (3,8%), mas bem acima da média nacional de 0,3%.
Apesar da retração no mercado interno, segmentos como o de alimentos e bebidas cresceram por causa do aumento nas exportações. Em 2004, a conjuntura internacional tende a melhorar ainda mais o desempenho dos segmentos exportadores. “Motivos externos, como a gripe asiática e a vaca louca, só trazem mais confiança para os produtores de alimentos. Na indústria mecânica, há expectativa de continuidade das vendas para China e Argentina, que é um mercado novo”, cita Isabella.
Dezembro
Na comparação de dezembro de 2003 contra dezembro de 2002, houve expansão de 0,2% no nível de emprego industrial do Paraná e retração de 1,3% no indicador nacional. Onze regiões apresentaram queda. Além do Paraná, somente Minas Gerais (0,2%) e Ceará (0,1%) tiveram taxas positivas. O maior impacto para a alta do emprego no Paraná veio de alimentos e bebidas (10,6%). “Os setores que produzem para o mercado interno estão com reduções mais intensas no emprego. No Paraná, assim como no Centro-Oeste, existem empresas capitalistas na esteira da agroindústria, com alta tecnologia e produtividade, pouco intensivas em mão-de-obra, voltadas para exportação”, ressalta Isabella.
A segunda maior contribuição positiva foi máquinas e equipamentos (15,3%). “Este setor está intimamente ligado ao dinamismo da agroindústria, já que os tratores e colheitadeiras atendem tanto o mercado interno, com o crescimento da renda agrícola, quanto as exportações”, comenta a economista do IBGE.
Renda
O rendimento dos trabalhadores industriais também registrou queda em 2003: -4,3%, apesar dos sinais de recuperação nos dois últimos meses do ano. Em dezembro, a massa salarial aumentou 1,4% em relação a dezembro de 2002. Contrastando com o nível de emprego, o Paraná (-2,7%) figura com a segunda maior redução da folha de pagamento real em dezembro, abaixo apenas do Rio de Janeiro (-8,4%). No ano, houve diminuição de 4,6% na renda média dos empregados na indústria paranaense, puxada por produtos químicos (-21,8%), produtos de metal (-19,5%) e minerais não-metálicos (-18,8%). O destaque positivo é vestuário (17,2%).
Apesar dos índices negativos, Isabella salienta que a partir de maio a intensidade da queda nos salários vem caindo, “refletindo a queda dos indicadores de inflação”.
Horas pagas
Outro indicador pesquisado pelo IBGE, o número de horas pagas, apresentou recuos de 0,8% no ano de 2003 e de 1,1% na comparação de dezembro de 2003 com dezembro de 2002. O Paraná representou a principal contribuição positiva, com variações de 3,3% no ano e 0,9% no indicador mensal. “Como a região está produzindo com dinamismo, aumenta a intensidade da jornada de trabalho industrial”, comenta Isabella.