economia

IBGE: alta ‘não significativa’ em carteira pode sinalizar que mercado evolui

O aumento na geração de vagas com carteira assinada não foi estatisticamente significativo, mas pode sinalizar que o mercado de trabalho evolui para começar a criar postos formais, segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Houve abertura de 153 mil vagas com carteira de trabalho assinada no setor privado em apenas um trimestre, um aumento de 0,5% no trimestre encerrado em agosto ante o trimestre terminado em maio, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

“A tendência de alta na carteira, embora não significativa, pode ser um sinal de que o mercado evolui para a criação de postos com carteira”, afirmou Azeredo.

No trimestre encerrado em agosto, houve criação de 1,374 milhão de empregos, mas quase 70% deles ainda foram na informalidade.

“É observado isso toda vez que começa um processo de recuperação após uma crise. Aconteceu em 2008, em 2003. Em todas as crises, o retorno da geração de vagas se dá através de empregos não registrados”, explicou o coordenador do IBGE.

Em agosto, a informalidade e o setor público puxaram a geração de vagas. O total de empregados sem carteira no setor privado aumentou em 286 mil, outras 472 mil pessoas passaram a trabalhar por conta própria. Já o setor público foi responsável pela criação de 295 mil novos postos de trabalho. Segundo Azeredo, o fenômeno é sazonal, puxado por contratações feitas pelas prefeituras onde houve mudança de administração nas últimas eleições. “Toda vez que tem eleição acontece isso”, disse o pesquisador.

Azeredo ressalta que a taxa de desemprego vem mostrando recuperação clara do mercado de trabalho no ano, mas permanece em patamares mais elevados do que em iguais períodos do ano passado. “O mercado de trabalho está recuperado? Estamos longe disso”, declarou.

Segundo ele, afirmar que o pior já passou no mercado de trabalho seria muito otimista. “Existem fatores exógenos, como a crise política, que podem mudar essa tendência de recuperação”, alertou o pesquisador.

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