Na contramão do trabalho decente, 15,8% dos trabalhadores brasileiros do setor privado consideravam insatisfatórias as condições de salubridade e segurança em seu ambiente de trabalho. Os dados foram levantados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Aspectos das Relações de Trabalho e Sindicalização 2015, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

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“É como se tivesse uma quantidade expressiva de trabalhadores que estão em situação de trabalho degradante”, explicou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

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O levantamento considerou a avaliação de empregados que atuam em empreendimentos com três ou mais funcionários e que possuíam remuneração em dinheiro tendo como base tanto o controle de risco e prevenção de acidentes como o fornecimento e capacitação para uso do equipamento de proteção individual. Neste universo de trabalhadores, 71,1% declararam-se satisfeitos ou muito satisfeitos.

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Quando considerados todos os trabalhadores do setor privado e do emprego doméstico, foi medido também o grau de satisfação e acesso a benefícios. Apenas 41,4% recebiam auxílio-alimentação, 49% possuíam benefícios sociais, outros 62,7% tinham acesso a processo de capacitação profissional.

Mesmo assim, o grau de insatisfação dos contemplados pelos benefícios foi alto: 25,3% estavam insatisfeitos com o auxílio-alimentação; 18,4% estavam descontentes com a jornada de trabalho; 31,9% estavam insatisfeitos com o nível de remuneração; 24,4% consideravam insatisfatórios os benefícios complementares oferecidos.

“Ou seja, mais da metade da população que tem benefício complementar, que já é apenas metade do total de ocupados, está insatisfeita”, observou Azeredo, lembrando que os benefícios incluem auxílio-creche, educação, auxílio-funeral e plano de saúde, por exemplo.

Em números absolutos, 26,2 milhões de trabalhadores não recebiam benefícios sociais complementares; 30,1 milhões não recebiam auxílio-alimentação; 19,1 milhões não tinham acesso a processos de capacitação profissional.

Entre os trabalhadores mais satisfeitos estão homens brancos, numa faixa etária mais madura, com nível superior completo, carteira assinada, jornada padrão de 40 a 44 horas semanais e renda acima de cinco salários mínimos.

O estudo, feito em parceria com o Ministério do Trabalho e com a OIT, incluiu informações de aproximadamente 25 mil pessoas em todo o território brasileiro na semana de referência da Pnad, a última semana de setembro de 2015.