A diretora de licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Gisela Fiorachini, refutou que o órgão tenha sofrido qualquer tipo de pressão para liberar a licença provisória para o início da construção do canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte.
Ao abrir sua palestra durante o Congresso Latino Americano de Energia, a diretora lembrou que o tema tem levantado “muita polêmica”, mas atribuiu isso à “total falta de informação. “A licença foi baseada em cinco pareceres e foi muito bem embasada. Foram cerca de 20 reuniões com o governo federal, mais audiências públicas… Tem movimentos contrários à usina, muita gente se posicionando contra, mas atribuo isso à falta de informação”, disse Gisela.
Um pouco antes, na mesma mesa de congressistas, na abertura do evento, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, admitiu que a usina terá uma capacidade de aproveitamento muito pequena, em média de 4,5 mil megawatts, mas disse que ainda assim é “um empreendimento relevante para o País”. “É preciso considerar que Belo Monte terá como um dos seus produtos a geração elétrica. Mas sua principal função será o desenvolvimento social de uma região, já que vai investir em construção de casas, saneamento básico e em melhorias para aquela área”, comentou.
Indagado sobre estes investimentos – que somam R$ 3 bilhões, dos R$ 20 bilhões previstos para a usina – serem uma forma de compensação pelos danos ambientais causados ao local, Tolmasquim negou: “Saneamento básico quem tem de fazer é o poder público. Mas os investidores na usina vão disponibilizar este saneamento não só para as residências afetadas, mas para toda a cidade”, disse, lembrando que na região serão “apenas” cinco mil famílias afetadas. “Não é como em Três Gargantas”, quando um milhão de pessoas foram atingidas pela construção da usina.
Tolmasquim destacou ainda que mesmo com este custo extra, a usina de Belo Monte tem um custo de energia que equivale a metade do que se gastaria para produzir a mesma quantidade de energia com fontes de eólica e de biomassa, por exemplo.