A alteração anunciada nesta sexta-feira, 27, pelo governo no regime de desoneração da folha de pagamento poderá aumentar os custos das empresas, disse Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá). “Numa situação econômica em que está o País, evidentemente que qualquer coisa é uma violência na competitividade das empresas.”

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A presidente da Ibá, antiga Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), explica que o setor de papel, celulose e de painéis de madeira aderiu ao programa de desoneração no segundo grupo, após negociações com o Ministério da Fazenda. “Quando fizemos dois anos atrás os cálculos, o 1% não foi aleatório, não foi criado descuidadamente. Foi resultado de profunda avaliação financeira, de possibilidades e, na ocasião, qualquer coisa acima de 1% inviabilizava o programa para o nosso setor”, falou.

A Medida Provisória 669, publicada hoje no Diário Oficial da União, revisa as regras da desoneração da folha de pagamento adotadas em 2011 para diversos setores produtivos. A partir de junho, as empresas que recolhiam 2% do faturamento para a contribuição da Previdência de seus funcionários passarão a pagar 4,5% da receita e as que recolhiam 1%, como é o caso do segmento de material de construção, passarão a pagar 2,5%.

Elizabeth ponderou que as empresas ainda avaliam os números para precisar o real impacto, mas ressaltou que veio em um momento delicado. “Se é algo que merece ser tratado (no Brasil) é o custo trabalhista. O Brasil ainda não amadureceu para fazer relações que se baseiam na produtividade. Então, já sobem muito os custos, enquanto as empresas produzem menos.” Ela acrescentou que as companhias brasileiras atualmente enfrentam aumento do custo energético, possível restrição hídrica e retração do mercado interno.

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“Todo o setor de papel, celulose, madeira, pisos de madeira está ciente (da situação econômica do País) e dando sua parcela, mas uma medida dessa envergadura poderia ter tido uma conversa prévia”, comentou a presidente da Ibá.