A produção industrial brasileira apresentou piora em setembro e retornou ao terreno da contração, revertendo o resultado positivo de agosto, que interrompeu uma sequência de quatro meses consecutivos de quedas. O Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) do setor, divulgado nesta quarta-feira, 01, pelo HSBC e pela Markit, recuou de 50,2 em agosto para 49,3 em setembro. Entre as três categorias monitoradas, a de bens de investimento foi a que apresentou pior desempenho.
O PMI revela uma “deterioração modesta nas condições do setor industrial” no mês passado. A queda se deve principalmente ao comportamentos do subíndices para a produção e para o volume de novos pedidos, que ficaram abaixo dos 50 pontos, indicando retração. Além disso, pela primeira vez desde agosto de 2009, preços de insumo e de produtos caíram simultaneamente.
Os custos foram pressionados para baixo em setembro pela primeira vez em 71 meses, diz o relatório, ressaltando que os preços de insumos baixaram em todas as categorias, exceto na de bens de capital, em que foi registrada estabilidade. Já os preços de produtos tiveram retração pela segunda vez em mais de 30 meses.
Segundo o relatório, o enfraquecimento do mercado de uma maneira geral e a proximidade das eleições levaram à queda do volume produzido no País em setembro. “A produção caiu mais rapidamente no subsetor de bens de investimento, enquanto uma expansão moderada foi observada entre as empresas de bens de consumo”, diz o texto, que destaca ainda o primeiro declínio em três meses das atividades de compra entre os fabricantes brasileiros. “As evidências vincularam as quedas nas atividades de compra às necessidades reduzidas de produção”.
Dessa forma, os estoques de matérias-primas e de produtos pré-fabricados tiveram leve queda, devolvendo um ligeiro acúmulo do mês anterior, ao passe que os estoques de produtos finais permaneceram praticamente no mesmo nível de agosto. Pelo segundo mês consecutivo, houve corte de empregos devido a “necessidades mais baixas de produção”, de acordo com os entrevistados.
O economista-chefe do HSBC no Brasil, Andre Loes, destaca que o PMI ficou abaixo dos 50 pontos pela quinta vez em 2014 e que a contração pode ser considerada generalizada já que apenas dois dos 12 subíndices analisados ficaram no campo positivo, acima dos 50 pontos. “Com o número de setembro, o índice fechou o 3º trimestre de 2014 em 49,6, sugerindo que a indústria brasileira segue se contraindo, após um 2º trimestre em que o setor já havia encolhido”, diz o especialista que assina o relatório.