Sentindo a necessidade de atender às convenções internacionais estabelecidas por grandes potências do turismo, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), em parceria com o Instituto Embratur, estabeleceu uma nova forma de classificação dos meios de hospedagem.
Um dos destaques da nova matriz de classificação pretende incentivar os estabelecimentos de hospedagem a fazerem o monitoramento dos gastos de energia e água; da produção e disposição dos resíduos; entre outros itens. Os hotéis deverão treinar as equipes para tarefas como separação seletiva de lixo, limpeza dos ambientes com baixo gasto de água e acompanhamento do consumo de energia.
Desde 2002, os meios de hospedagem não são mais classificados pelo antigo método das estrelas, que eram fixadas nas entradas dos hotéis. Apesar do tempo, os novos critérios ainda não estão muito claros para turistas e até mesmo para alguns proprietários de estabelecimentos de hospedagem.
O novo sistema de classificação está mais rigoroso, a lista de itens que antes enumerava 185 quesitos, hoje tem 270 tópicos, registrando assim um aumento de 42% nos itens a serem avaliados. Para o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Curitiba (Sindotel-Ctba), Emerson Jabur, é importante que os proprietários de estabelecimentos menores também tenham conhecimento da nova classificação. Jabur considera que ?o cumprimento dos requisitos básicos exigidos para a classificação dos meios de hospedagem é fundamental para o reconhecimento dos pequenos empresários?.
O Meio de Hospedagem que antes era classificado com uma estrela, agora recebe a classificação de Simples. O antigo duas estrelas passa a ser chamado de Econômico, e o três estrelas corresponde ao Turístico. Para os hotéis que pretendem oferecer maior conforto e serviços personalizados aos hóspedes, foram criadas as categorias Superior e Luxo, que correspondem ao quatro e ao cinco estrelas, respectivamente.
Além dos serviços especiais, alguns detalhes fizeram com que surgisse ainda uma nova categoria, a Superluxo. A classificação foi criada para os hotéis que oferecem serviços superiores aos dos antigos cinco estrelas, como heliponto, música ao vivo, segurança particular e sistema eletrônico para detectar a presença do hóspede em todas as áreas do estabelecimento.
Os meios de hospedagem superior, luxo e superluxo, devem fornecer cartão do estabelecimento com o nome do hóspede e período de hospedagem. No quesito saúde/higiene, as três categorias oferecem atendimento médico de urgência e higienização do alimento ?in natura? antes do armazenamento.
Básico
Segundo a matriz de classificação de meios de hospedagem criada pela ABIH em parceria com o Instituto Embratur, os serviços básicos que um hotel deve oferecer no atendimento ao hóspede incluem treinamento e orientação da equipe, presteza, cortesia, serviços de limpeza, arrumação diária dos quartos, manutenção, telefonia e serviço de despertador. Além disso, é importante monitorar as expectativas e impressões dos hóspedes, incluindo meios para pesquisar opiniões, reclamações e sugestões.
Adaptações
O texto que regulamenta a classificação dos estabelecimentos entra em harmonia com o tema da Campanha da Fraternidade de 2006, quando menciona que ?Todos os meios de hospedagem devem ter áreas adequadas e específicas para acesso e circulação fáceis e desimpedidos nas dependências do estabelecimento, inclusive para pessoas com necessidades especiais?.
Além disso, todas as salas e quartos devem ter iluminação e ventilação de acordo com as normas vigentes para edificações. Ainda na parte estrutural das edificações, a única categoria que não necessita ter banheiros privativos ventilados diretamente para o exterior ou através de dutos é a Simples.
Em todas as categorias, os quartos devem ter trancas internas, água potável, local específico para guardar roupas, água quente no chuveiro, vedação no box, indicação de voltagem em todas as tomadas e utensílios básicos como sabonete, dois copos e lixeira no banheiro. Exigências para áreas como cozinha, lazer e escritório virtual ficam, na maioria das vezes, para as categorias Superior, Luxo e Superluxo.
Na prática
Em Curitiba, apenas dois hotéis possuem a classificação oficial, segundo a ABIH. Um deles é o Hotel AltaReggia, classificado como Superior, e o outro é o Hotel Bourbon, que é classificado como Luxo. Um dos motivos para poucos hotéis terem a nova classificação é o custo da renovação, que varia de R$ 790,00 para o Simples, a R$ 5.400,00 para o Superluxo.
Algumas redes de hotéis preferiram criar suas próprias formas de classificação. A Bristol Hotéis & Resorts, por exemplo, subdividiu seus hotéis em quatro categorias. A primeira delas é a Dobly, que engloba os hotéis de luxo a Flexy, para os hotéis de categoria econômica; a Multy, uma categoria superior que oferece múltiplas opções de serviço no meio de hospedagem, e, por último, a Sthay, que tem como foco principal as longas estadias, fazendo com que o hóspede sinta-se em casa.
Curiosidade
O hoteleiro e ex-prefeito de Parati, litoral do Rio de Janeiro, José Cláudio de Araújo, também preferiu uma classificação alternativa, que por sinal é muito criativa. Ele criou, em 2001, uma nova classificação para os hotéis e pousadas da cidade. Sem as tradicionais estrelas da Embratur, entram peixes, que podem ser cor-de-rosa ou com as cores do arco-íris se o hotel quiser ser identificado com o público homossexual.