Hotéis buscam parcerias para alavancar o setor

Hoteleiros paranaenses apostam em parcerias com os setores público e privado para driblar a crise do setor. Nos últimos quatro anos, os donos de hotéis sentiram no bolso o achatamento das diárias enquanto os principais insumos, como gás, energia elétrica e telefonia, aumentaram cerca de 60%. “A grande dificuldade que temos hoje é a administração de custos”, declara o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Paraná (ABIH/PR), Hercílio Struck. Para buscar alternativas de redução de custos, a entidade criou uma equipe de ação econômica, com trinta empresários, que se reúne semanalmente.

Nem mesmo a expectativa de ampliação do turismo interno, motivada pela disparada do câmbio no início do ano e pelo cenário de guerra, se confirmou. “A hotelaria está em crise desde 11 de setembro de 2001 e ainda não conseguiu se recuperar, porque o dinheiro não está circulando e os custos aumentaram”, atesta o presidente da ABIH nacional, Luiz Carlos Nunes. Nas empresas cujos executivos costumam viajar, o primeiro corte foi na hospedagem. O gasto fica reduzido às passagens. Nunes e Struck abriram ontem o Hotel Show 2003, evento da ABIH/PR que reúne fornecedores e empresários no Expotrade, em Pinhais.

As parcerias começam a dar resultados. A Ultragaz reduziu os preços em 20%. O gás representa 10 a 15% dos custos de um hotel. “Estamos começando um trabalho junto à Copel para que a campanha de redução de ICMS atinja o nosso setor”, conta Struck. A alíquota do tributo para os hotéis é de 27,5%, sem possibilidade de se creditar do valor. Os empresários iniciaram contatos com as operadoras de telefonia, visando uma diferenciação tarifária. O gasto mensal de um hotel de médio porte gira em torno de R$ 10 mil mensais. A ABIH/PR também lançou um portal de negócios para baratear custos de fornecedores.

Os dirigentes da ABIH elogiaram a iniciativa dos governos federal e estadual em criar órgãos específicos para o turismo, que sempre foi anexo à outras pastas. “O secretário Rorato (do Turismo) está bastante sensível à nossa pauta de reivindicações”, comenta Struck. Já o presidente da ABIH tem participado dos debates do Plano Nacional de Turismo. “O governo vê o turismo como grande gerador de emprego e renda. Acredito que nos próximos dois anos haja uma abertura do setor”, acredita Nunes. Nos quatro anos de mandato, Lula prevê a criação de 1,2 milhão de empregos novos (que se somariam aos 1,1 milhão existentes no setor) e passar de 4 milhões para 9 milhões de turistas no País.

Mercado

Dificuldades à parte, a hotelaria continua em expansão. “Apesar da crise, há uma proliferação de flats. Isso mostra que as grandes redes vêem futuro no País”, aponta Nunes, salientando que o investimento em flats é partilhado em grupos grandes de investidores e as bandeiras só atuam na gestão. O custo operacional médio dos flats é 20% menor que o dos hotéis, porque as tarifas públicas são similares às residenciais.

Só em Curitiba e Região Metropolitana, dez a doze empreendimentos hoteleiros serão construídos em 2003. No ano passado, a taxa de ocupação dos hotéis na região ficou ao redor de 50%. Com a chegada das grandes redes, a tendência dos pequenos hotéis é piorar a qualidade do atendimento e fechar as portas, lamenta Struck. Ele acredita que dificilmente o setor repetirá o faturamento do ano passado, de R$ 65 milhões nos 81 hotéis e 26 flats da capital.

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