Hoje, à meia-noite, os moradores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País deverão atrasar seus relógios em uma hora, devido ao fim do horário de verão. Mas apesar da medida ainda estar em vigor, já é possível adiantar um balanço da redução no consumo de energia elétrica no Paraná.
De acordo com a Companhia Paranaense de Energia (Copel), a diminuição da demanda máxima simultânea por energia no horário de ponta – que vai das 18h até as 21h – ficou em torno de 5%. O índice corresponde a cerca de 190 megawatts de potência no horário de pico.
Segundo a Copel, não há como determinar exatamente o valor da economia proporcionada pelo horário de verão ao Estado. Mas é possível, por exemplo, estimar o custo evitado sob a forma de uma nova usina, que serviria para abastecer a demanda de 190 megawatts – que equivale a todo o consumo, durante o período crítico do dia, de uma cidade do porte de Londrina. A usina hidrelétrica de Mauá, por exemplo, está sendo construída ao custo de cerca de R$ 1 bilhão, e terá a capacidade de 361 megawatts.
Ainda de acordo com a Copel, o alívio nas condições de operação do sistema elétrico, proporcionado pelo horário de verão, é possível porque o pico nos lares é transferido para um período claro do dia, quando a iluminação pública ainda não foi acionada.
A empresa esclarece que a principal finalidade da medida não é exatamente proporcionar diminuição no consumo de energia elétrica, embora isso também aconteça – chega a cerca de 0,5% dos níveis habituais de consumo.
Nacional
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que a edição 2008/2009 do horário de verão gerou uma economia ao País de aproximadamente R$ 4 bilhões. Segundo o ministro, houve uma redução do consumo de 2 mil megawatts durante o chamado horário de pico.
“Somente no Sudeste, economizamos o equivalente a 65% do consumo do Rio de Janeiro. E no Sul, o equivalente a 85% do consumo de Curitiba”, afirmou o ministro.
Lobão reiterou, ainda, que o Brasil não sofre riscos de um novo apagão. Ele lembrou que estão sendo feitos investimentos na geração e, principalmente, na transmissão de energia.
No ano passado, um decreto transformou o horário de verão em permanente e determinou que se iniciará sempre no terceiro domingo de outubro e terminará no terceiro domingo de fevereiro do ano seguinte, exceto quando este domingo for o de Carnaval, quando sua vigência se estenderá por mais uma semana. Dessa forma, o próximo horário de verão começará à meia-noite do dia 18 de outubro deste ano.
A difícil adaptação do organismo humano
O médico neurologista Cleverson de Macedo Gracia, do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba, explicou o que ocorre no organismo humano com a mudança no horário, mesmo de apenas uma hora. Segundo ele, mesmo sendo aplicado todos os anos, desde 1985, muitos ainda não se acostumaram com o horário de verão.
Para o médico, há uma explicação fisiológica para o desconforto (dos que ainda não se habituaram). “É a de que o nosso organismo tem o ciclo circadiano, que é o período de 24h e é influenciado pela luz solar. Este relógio biológico encontra-se no núcleo supraquiasmático do hipotálamo, uma estrutura nas profundidades do cérebro.” Explica, ainda, que idosos e as crianças têm mais dificuldades de se adaptar às mudanças de horário. Mas, ainda não se conhece a razão desta evidência.
Também não há explicação, mas o organismo humano sente mais dificuldade para se adaptar ao avanço dos ponteiros do relógio. “As mudanças para leste são piores do que para oeste, isto é, quando você adianta o relógio é pior do que quando você atrasa. A razão disto é que nós estamos mais propensos a ficar mais tempo acordado a noite que ter que acordar mais cedo no dia seguinte. Como se fosse a favor e contra o relógio biológico.”
Essa dificuldade em adaptação, salienta o médico, pode provocar algumas reações: Insônia, sonolência diurna, cansaço, fraqueza muscular, dores de cabeça, mau-humor, alteração do apetite, distúrbios estomacais, confusão mental, irritabilidade, constipação e queda da imunidade.
“Estes sintomas só são significativos em casos de mais de dois fusos horários, isto é, com variação do horário em duas ou mais horas. Em caso de uma hora, os sintomas tendem a se resolver rapidamente em dois a três dias”, acrescenta.
Para facilitar a adaptação, o profissional recomenda que as pessoas “devem parar o que estão fazendo (se possível), tirar um cochilo acima de 45 minutos. Cafeína, exercícios e convívio social ajudam a resolver o problema”.