Este final de semana será mais curto para os habitantes de dez estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, além do Distrito Federal. À meia-noite de sábado (18) para domingo, os relógios deverão ser adiantados em uma hora nessas localidades, marcando o início de mais uma edição do horário de verão brasileiro.
Os 60 minutos a serem subtraídos deste domingo serão repostos à zero hora do dia 15 de fevereiro próximo, quando os relógios serão atrasados proporcionando um sábado com 25 horas de duração.
Esta será a 34a vez que o horário de verão vai ser instituído no Brasil – a 24a de maneira consecutiva. Neste ano, a medida foi tornada permanente por um decreto do presidente Lula, que consolidou a área territorial onde o horário de verão será aplicado e definiu as épocas para seu início e término.
Nas mesmas localidades que terão o horário de verão a partir deste domingo, os relógios serão sempre adiantados no terceiro domingo de outubro e atrasados no terceiro domingo de fevereiro do ano seguinte – exceto quando este for domingo de Carnaval, circunstância que estenderá a vigência do horário de verão por mais uma semana.
Redução
O horário de verão tem por objetivo aliviar as condições de operação do sistema elétrico interligado no período crítico do dia, entre 18 e 21 horas, quando a demanda coincidente por energia atinge seus patamares mais elevados. Isso acontece porque o adiantamento dos relógios também antecipa a demanda máxima de certas categorias de consumo como a residencial, por exemplo.
“O pico de demanda nos lares passa a ocorrer ainda com o dia claro, sem coincidir com o acionamento dos sistemas de iluminação pública, cujas lâmpadas são acionadas automaticamente por dispositivos sensíveis à redução da luminosidade ambiente”, explica a gerente do Centro de Operação do Sistema Elétrico da Copel, Ana Rita Xavier Haj Mussi.
“O simples gesto de adiantar o relógio em uma hora durante o verão permite ao Paraná uma redução de 5,5% na demanda máxima simultânea por energia, o que significa dispensar o uso de 220 megawatts de potência no horário de ponta ou, ainda, a não haver consumo algum durante o período crítico do dia numa cidade do tamanho de Londrina, que tem quase 190 mil ligações elétricas”, diz a gerente.
O efeito conjunto do horário de verão em todos os estados onde ele será aplicado equivale a deixar de injetar no sistema elétrico interligado cerca de 2 mil megawatts de potência – o correspondente à metade de toda a demanda do Paraná no horário de ponta.
Diferentemente do entendimento de boa parte da população, a principal finalidade do horário de verão não é o de proporcionar redução no consumo de energia elétrica – muito embora ela efetivamente exista. Os efeitos práticos dessa medida, segundo registros da Copel, não ultrapassam a 0,5% sobre os níveis habituais de consumo e decorrem fundamentalmente do menor tempo de uso de iluminação artificial.
Segurança
O horário de verão é um artifício criado para aproveitar melhor a época do ano em que os dias são naturalmente mais longos que as noites: o sol nasce mais cedo e se põe mais tarde, permitindo retardar a necessidade do uso de iluminação artificial com a antecipação de todas as rotinas em uma hora.
Como conseqüência, as instalações do sistema elétrico podem operar com maior folga, já que os picos máximos de demanda por energia nas diferentes categorias de consumo deixam de coincidir. “Além dos ganhos de segurança operacional proporcionados pelo horário de verão, esperam-se benefícios econômicos expressivos com a redução da necessidade de gerar com usinas térmicas em regiões como Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina”, complementa Ana Rita.
Velas
Foi pensando em economizar velas que, segundo a história, Benjamin Franklin propôs em 1784 que a medida fosse utilizada. Na Inglaterra, em 1907, um construtor chamado William Willett, membro da Sociedade Astronômica Real, deu início a uma campanha que propunha alterar os relógios no verão para reduzir o que classificava de “desperdício de luz diurna”. Willett morreu em 1915, um ano antes de a Alemanha adotar sua tese e se tornar o primeiro país no mundo a implantar o horário de verão.
A história do horário de verão no Brasil começou na década de 30, pelas mãos do então presidente Getúlio Vargas: sua versão de estréia durou quase meio ano, vigorando de 3 de outubro de 1931 até 31 de março de 1932. Nos 35 anos seguintes, a medida foi instituída em nove oportunidades: em 1932, de 1949 a 1952, em 1963 e de 1965 a 1967.
Depois de muitos anos esquecido, o horário de verão ressurgiu em 1985 e – desde então – não deixou mais de ser adotado.