O Congresso Nacional deixou claro, na quarta-feira, 11, ao discutir e votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), sua imensa irresponsabilidade para com o país, disse nesta quinta-feira, 12, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no governo de Dilma Rousseff Márcio Holland.

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“Os parlamentares estão vivendo em outro planeta”, criticou ao se referir à aprovação da LDO, mas com a derrubada da proibição a reajustes dos salários dos funcionários públicos para 2019.

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Para Holland, “o Congresso Nacional não entendeu a gravidade da crise fiscal do país; não está sabendo avaliar o sério problema de falta de confiança na economia associada com esse imbróglio fiscal”. E, com isso, de acordo com o ex-secretário, o Congresso não entende que está adiando ainda mais a recuperação da economia com geração de emprego.

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Ainda segundo Holland, ao permitir reajustes de salário dos servidores públicos em situação de aperto fiscal, os parlamentares acionaram aumento no rombo fiscal. “As despesas com Pessoal e Encargos da União têm crescido praticamente em mesmo compasso que as despesas com a Previdência Social. A sinalização para os Estados, onde as despesas com Pessoal têm sido ainda maiores que na União, é péssima”, diz.

Para o economista, as projeções fiscais para os próximos anos devem piorar ainda mais. “Note que as projeções de crescimento do PIB para 2019 na LDO já estão superestimadas em 3%, em comparação com projeções de mercado, conforme o Focus, 2,5%”, ponderou Holland, para quem há grandes chances de ocorrência de uma forte frustração de arrecadação tributária. “Ou seja, com a pressão colocada pelo Congresso por mais despesas primárias, em contexto de frustração esperada de arrecadação, o rombo fiscal para 2019 deve ser ainda maior”, prevê o professor da FGV.

Ele lembra que o déficit primário nas metas do governo central é de R$ 139 bilhões e afirma que com a aprovação da LDO será muito difícil a União entregar esse déficit primário. “Não há mais espaço para cortes de investimentos. Ou seja, a pauta bomba do Congresso Nacional deixa uma herança fiscal ainda mais maldita para o próximo governo”, diz.