O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou hoje que os bons fundamentos macroeconômicos do País, que são fruto da austera condução da política econômica harmonizada com a postura do governo de elevar o patamar de crescimento do País e aumentar a massa real de salários, permitem que o BC adote medidas anticíclicas na condução da política monetária.
“Isto é uma conquista da sociedade brasileira. O BC precisa ter visão de médio e longo prazo”, comentou, referindo-se ao controle da inflação dentro dos parâmetros do regime de meta determinados pelo CMN e também para colaborar na geração de empregos e melhoria da renda das famílias. Ele participou hoje da entrega do prêmio Ranking AE Projeções de 2008.
O presidente do BC endereçou, de forma indireta, uma mensagem aos economistas presentes ao evento, que estão entre os principais analistas que produzem projeções de indicadores macroeconômicos do Brasil.
Segundo ele, as estimativas tendem a ser cada vez mais requisitadas pelos agentes econômicos, sobretudo na atual conjuntura de profunda crise econômica internacional.
Ele ressaltou que as previsões baseadas em modelos econométricos são envolvidas por incerteza. “Essa incerteza deveria refrear os ímpetos de revisões de projeções, à luz de qualquer dado de alta frequência que vem a ser divulgado, bem como os ciclos de otimismo e os de pessimismo que surgem e parecem reger o sentimento muitas vezes dos participantes do mercado. Infelizmente, esta não tem sido a norma nos últimos anos a despeito dos melhores esforços dos brilhantes e competentes analistas aqui premiados”, disse.
“Idealmente as expectativas devem resultar de uma análise consistente do quadro macroeconômico. Isto é, a visão que os analistas têm sobre a evolução futura da inflação não deve, por exemplo, estar desvinculada da atividade econômica”, afirmou. Esta frase dita por Meirelles pode ser interpretada como sinal de que a autoridade monetária está preocupada com uma crônica falta de harmonia nas projeções macroeconômicas apuradas na pesquisa Focus, especialmente relativas ao IPCA e PIB para 2009.
De acordo com o relatório Focus, o IPCA para este ano está em 4,23%. Marca próxima do estimado pelo BC. Porém, a projeção de analistas para o PIB é de queda de 0,49%, enquanto a do BC é de uma expansão de 1,2%.