Hillary pede a Pequim cooperação contra crise

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, encerrou ontem sua visita a Pequim com o apelo para que o governo chinês continue a comprar títulos do Tesouro emitidos por Washington e a afirmação de que os dois países são tão dependentes economicamente que vão “levantar ou cair juntos” na atual crise.

A China transformou-se no ano passado no maior financiador do déficit dos EUA em suas transações com o restante do mundo. Em dezembro, Pequim tinha US$ 696,2 bilhões de papéis soberanos de Washington em seu poder, um aumento de 46% em relação ao ano anterior. Ao mesmo tempo, os EUA são o principal destino individual das exportações chinesas, com uma fatia de 19% do total de US$ 1,22 trilhão vendido a outros países em 2008.

“Nossas economias estão tão interconectadas que os chineses sabem que, para voltar a exportar para seu maior mercado – os EUA -, Washington tem de adotar algumas medidas drásticas com seu pacote de estímulo”, declarou a secretária. “Ao continuar a apoiar os instrumentos do Tesouro americano, os chineses estão reconhecendo nossa interconexão. Estamos no mesmo barco e, ainda bem, remamos na mesma direção.”

Com o maior volume de reservas internacionais do mundo – US$ 2 trilhões -, os chineses não têm intenção de deixar de comprar títulos americanos. Mas muitos analistas acreditam que Pequim pode tomar esse caminho em retaliação a eventuais medidas protecionistas contra seus produtos impostas por Washington.

Esse é hoje um dos maiores riscos para a economia global, dizem especialistas, já que desencadearia uma guerra comercial e comprometeria o financiamento do déficit americano, provocando uma grande desvalorização do dólar.

A cooperação no enfrentamento do aquecimento global e o combate à crise foram os dois principais temas da visita de Hillary a Pequim, a mais importante de sua passagem pela Ásia, que incluiu Japão, Indonésia e Coreia do Sul.

As divergências entre os dois países em relação à situação dos direitos humanos na China continuaram na agenda, mas foram tratadas da mesma maneira que nos oito anos do governo de George W. Bush. Hillary levantou as objeções de seu país na reunião com o ministro das Relações Exteriores, Yang Jiechi, que ressaltou os progressos das últimas três décadas e repetiu que temas como Taiwan e Tibete são assuntos internos da China. No caminho para Pequim, Hillary disse que o tema dos direitos humanos não pode atrapalhar a cooperação entre os dois países em áreas nas quais existe consenso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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