A virada do voto do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, deve ter sido decisiva para que o Comitê de Política Monetária (Copom) acelerasse o ritmo de corte da Selic, a taxa básica de juros, de 0,25 para 0,50 ponto porcentual. Essa é a visão predominante entre observadores que acompanham de perto a atuação do BC e conhecem bem o funcionamento dos sistemas de metas de inflação, adotados por vários países. Como a identidade dos responsáveis pelos votos do Copom não é divulgada, os analistas preferem manter a discrição quando falam do assunto.
Na reunião de abril, a decisão do Copom foi a de reduzir em apenas 0,25 ponto porcentual a Selic, de 12,75% ao ano para 12 50%. O placar a favor do corte de 0,25 foi apertado, com quatro participantes votando a favor e três contra. Na reunião desta semana, houve uma virada, e cinco participantes votaram por 0,50 contra dois que preferiram 0,25. A Selic foi a 12%.
Observadores do Copom dão como quase certo que um dos participantes que mudaram seu voto de 0,25 para 0,50 entre as duas últimas reuniões foi o próprio Meirelles. O voto do presidente do Banco Central costuma ser muito importante em reuniões desse tipo. Na Inglaterra, por exemplo, onde as reuniões do Comitê de Política Monetária (MPC) são mensais, houve apenas três decisões unânimes nas 17 reuniões entre janeiro de 2006 e maio de 2007. Em todas as outras decisões, em que houve votos discordantes, a posição do governador do Banco da Inglaterra (Banco Central), Mervyn King, foi a que prevaleceu.