Hélio Costa reclama de desinteresse da indústria na TV digital

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, aproveitou uma entrevista pela internet, convocada para falar de TV digital, para fazer uma crítica generalizada às operadoras de telefonia celular, à indústria de televisores e aos donos de emissoras de televisão. Segundo ele, está faltando iniciativa destes segmentos para incentivar a oferta de conversores a preços mais populares e de celulares que recebam os sinais da TV aberta.

Segundo ele, as empresas de telefonia celular não têm mostrado "nenhum interesse" em pedir para que os fornecedores de equipamentos produzam celulares capazes de receber o sinal da TV digital no Brasil. Costa disse que as operadoras não têm interesse porque vão perder receita, já que o cliente deixará de fazer ligações para ficar assistindo à televisão.

"Evidentemente que não é um bom negócio para as empresas de telefonia colocar no celular um dispositivo que dá ao cliente o direito de sentar no ônibus e ao invés de telefonar para a namorada, pagando R$ 0,50 por minuto, ficar vendo televisão de graça", afirmou.

Conversores

O ministro disse ainda que não está vendo movimentação das emissoras de TV para fazer baixar o preço dos conversores (set top boxes). "Os radiodifusores estão muito confiantes de que o mercado ajusta tudo", afirmou ele, referindo-se ao fato de que qualquer novidade tecnológica começa custando caro e com os ganhos de escala se torna barata.

Ele citou o exemplo das operadoras de telefonia que subsidiam o aparelho, oferecendo o celular até por R$ 1, para vender o serviço de telefonia. Costa chegou a sugerir que os donos de televisão façam parceria com lojas que vendem televisores. As emissoras dariam desconto para veicular a publicidade da loja, enquanto o comerciante reduziria seu lucro com a venda de equipamentos, como o conversor. "E eles (radiodifusores) não estão fazendo isso, estão acomodados esperando que o mercado regule. Poderiam ser mais agressivos", afirmou.

Costa criticou também os fabricantes de televisores no Brasil que, segundo ele, não estariam interessados em vender conversores. Ele lembra que os incentivos para a produção dos set top boxes ficaram restritos à Zona Franca de Manaus. "Essa empresas (da Zona Franca) não têm o menor interesse em fazer a caixa conversora. O que elas querem vender é televisores", afirmou.

O ministro disse que está faltando visão estratégica dos empresários, que não estão vendo as possibilidades do mercado de TV digital. Ele previu que o conversor vai movimentar na economia brasileira R$ 9 bilhões, nos próximos três anos, e a TV digital como um todo vai "mexer" com R$ 100 bilhões nos 10 anos previstos para a sua implantação total no Brasil.

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