A economia brasileira começou, agora no terceiro trimestre, a entrar na última fase que confirma a retomada definitiva do crescimento, que é a volta do investimento em bens de capital. A avaliação é da equipe de analistas da Credit Suisse Hedging-Griffo e consta de relatório que a instituição distribuiu a seus clientes neste final de semana.

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Com isso, de acordo com os analistas, a ociosidade da economia continuará a declinar nos próximos meses em resposta à melhora dos fatores de produção, fechando o ciclo de retomada da expansão econômica já mostrada pelos diversos indicadores antecedentes e coincidentes da economia. No segundo trimestre, os investimentos em Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caiu 17%, atingindo sua pior marca da série histórica, iniciada em 1996. Mas a situação começou a se inverter no terceiro trimestre.

Os primeiros números de emprego de agosto também reforçaram “que a economia doméstica já entrou numa trajetória consistente de recuperação”, avaliam os economistas da C.S. Hedging-Griffo. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a criação de vagas líquidas no mercado de trabalho formal atingiu 242,1 mil em agosto, já superando o patamar registrado em ago/08. “Na série livre de influências sazonais, o resultado de agosto foi de 176,7 mil, praticamente o dobro do nível registrado em julho e também similar aos valores do pré-crise. A abertura dos dados mostrou uma melhora generalizada do mercado de trabalho, com destaque para a recuperação do emprego na indústria e construção civil, e manutenção dos bons resultados de comércio e serviços.

O mercado de trabalho, de acordo com os especialistas do mercado financeiro, de modo geral reserva duas boas notícias. A primeira, digna de louvores, é a retomada das contratações muito antes do esperado. Por causa dos custos que envolvem a dispensa de empregados, as avaliações no começo da crise eram a de que este mercado seria o último a refletir os efeitos da crise econômica. A contrapartida dessa demora para responder aos impactos da crise seria a lentidão com que as empresas voltariam a recompor seus quadros, o que não tem se concretizado. A segunda boa nova é que a retomada do crescimento no mercado de trabalho tem se dado de forma generalizada, difusa, abrangendo todos os segmentos da economia.

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“A recuperação da população ocupada indica que a ociosidade do capital também está diminuindo. Não é coincidência que o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da sondagem da FGV de agosto deu um salto, subiu 1,9%, e deverá continuar acelerando nos próximos meses”, avaliam os economistas da C.S. Hedging-Griffo. Afinal, dizem eles, a decisão de contratar é posterior à de ocupar os recursos internos ociosos: ninguém contrataria sem começar a ocupar a ociosidade do capital. No máximo esses movimentos são simultâneos.

Outra evidência de que a ociosidade do mercado de trabalho está menor são as notícias sobre os dissídios salariais, apontam os analistas. Eles acrescentam que categorias importantes, tais como metalúrgicos, bancários, correios, petroleiros e químicos começam a negociar seus reajustes salariais e os primeiros resultados chamaram a atenção.

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Por fim, afirmam os analistas da C.S. Hedging-Griffo, os riscos para o cenário externo também diminuíram bastante, sinalizando que a saída da crise também pode ser sincronizada no curto prazo, o que contribuiu para a alta dos preços das commodities. Contudo, alertam, o fato da ociosidade dos fatores diminuir mais rápido do que nos outros ciclos coloca um risco para a inflação. “Depois de nove meses consecutivos de deflação, a inflação no atacado já mostra uma nova dinâmica. Grupos importantes do IPA Industrial, tais como produtos alimentícios, químicos, veículos, combustíveis e metalurgia reverteram a queda, e dificilmente voltarão ao território deflacionista, a não ser por algum evento episódico”, projetam.