O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, apresentou argumentos para sustentar que a potência da política monetária aumentou, depois de ser questionado sobre o que resta a ser feito pela autoridade monetária e se o BC falhou na missão de controlar a inflação. “Sobre inflação, nossa projeção deixa explícito que identificamos pressões de preços. Em contrapartida, eu gostaria de lembrar que a taxa de juros subiu 375 pontos de abril do ano passado até abril deste ano. Isso é sem dúvida um ajuste monetário importante”, defendeu.
“Todas as evidências que dispomos apontam que esse impulso monetário continua se propagando na economia normalmente, como esperado.” Araújo acrescentou que o aumento de taxa de juros primeiro alcança a atividade e depois a inflação. Em seguida, afirmou que o BC acredita que no fim deste ano e no ano que vem o aumento das taxas de juros continuará alcançando a inflação. “Além de as evidências indicarem que os impulsos monetários estão se propagando normalmente, não temos evidência de que a potência da política monetária diminuiu.”
Araújo afirmou que, estruturalmente, há argumentos de que a potência da política monetária aumentou. “O volume de crédito livre e o alargamento da maturidade desse mercado de crédito apontam na direção de aumento da potência da política monetária. Outro aspecto estrutural importante é que tivemos mudança, nos últimos dez anos, significativas na composição da dívida pública a favor de títulos prefixados em detrimento de títulos indexados à Selic”, disse.
Além disso, Araújo acrescentou outros dois elementos: a sincronia entre spread bancário e a Selic. “O spread tem crescido nos últimos 12 a 15 meses e a Selic também”, disse. “Outro aspecto é a questão da confiança, pois em níveis modestos de confiança é razoável acreditar que a potência da política monetária cresce.” O diretor finalizou a resposta dizendo que a expectativa é que a inflação se mantenha “relativamente elevada” nos próximos trimestres, mas que ela tende a “recuar bastante” nos trimestres finais do horizonte relevante (início de 2016).
Para Araújo, “a economia e a inflação ainda vão reagir ao esforço monetário feito. E a nossa melhor previsão é de uma inflação de 6,4% para o fim do ano”, afirmou. “O objetivo da política monetária é trazer a inflação para o centro da meta”, completou. Disse ainda que a autoridade monetária está vendo, nos próximos meses, trajetória da inflação bem mais comportada. Ele ponderou, ao fim da entrevista sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que a instituição também vê o IPCA convergindo para meta de 4,5% ao fim do “horizonte relevante” para o BC, ou seja, no segundo trimestre de 2016.