A projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2014 do Banco Central (BC), de 1,6%, será mantida até a divulgação do próximo Relatório Trimestral de Inflação, em setembro, afirmou nesta quinta-feira, 07, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo. “Se houver alguma revisão, nós vamos conhecê-la em setembro”, disse ele durante apresentação do Boletim Regional do BC, no Rio de Janeiro.

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O diretor do BC lembrou que a última edição do Relatório de Inflação já trouxe uma revisão para baixo na projeção de crescimento. “Pode haver revisão? Pode, mas pode não haver”, disse Hamilton.

Inflação

Na visão do diretor, o País vive uma dinâmica de inflação declinante desde março. A expectativa da autoridade monetária é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, que será divulgado nesta sexta-feira, 08, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possa ser um sexto da taxa registrada em março deste ano, disse Hamilton. Em março, o IPCA foi de 0,92%.

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“Não sabemos ainda qual o número que o IBGE vai divulgar sobre a inflação de julho, mas, de modo geral, os analistas antecipam uma inflação aí de 15 pontos-base ou até menor”, declarou. “A inflação de julho teria sido um sexto da inflação observada em março. Temos uma dinâmica de inflação mensal declinante desde março”, acrescentou.

Hamilton lembrou que há uma acomodação nos preços no atacado, que já chegou ao consumidor. “Temos tido acomodação importante nos preços no atacado. Boa parte disso foi transmitida aos preços ao consumidor”, afirmou ele. “Ainda deve haver parte da acomodação dos preços no atacado transmitindo para a inflação ao consumidor, dependendo da continuidade desse processo”.

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Segundo ele, os números estão indicando que a inflação ao consumidor tem mostrado uma trajetória bem mais favorável. Hamilton defendeu que, mesmo que haja uma depreciação no câmbio, não seria motivo para nenhuma preocupação adicional. O cenário traçado pelo BC já contempla alguma depreciação no câmbio, embora menor do que a projetada pelo mercado.

“Ainda assim teríamos recuo da projeção (para inflação) ao longo do tempo. Depreciação cambial certamente tem impacto sobre a inflação. Isso é um processo que vem ocorrendo no Brasil já há algum tempo”, disse ele.

Hamilton lembrou que o BC tem feito menção ao impacto do câmbio sobre a inflação em suas comunicações. Segundo ele, é provável que o câmbio ainda tenha influência sobre os preços ao longo do tempo. “Não seria motivo para nenhuma preocupação adicional”, garantiu.

Para ele, a inflação no País está mais moderada. No entanto, o diretor reconhece que um recuo mais acentuado é esperado apenas para 2016. “A inflação está mais moderada, isso é um fato. A variação dos preços recuou em bases mensais. O que está por trás disso? Diversos fatores”, disse ele.

Hamilton não precisou quando a inflação atingiria a meta, de 4,5%. “Na nossa visão, ao longo do tempo vai entrar em trajetória de convergência (para o centro da meta). Provavelmente a gente deve observar um recuo mais acentuado da inflação em 2016. Em 2015, teremos inflação menor do que a que projetamos para este ano, mas teremos recuo maior em 2016”, previu.

Para ele, a inflação teve recuo significativo nas regiões Norte e Nordeste. “Vamos aguardar o que vai aparecer em julho”, apontou. O diretor do BC lembrou que o ritmo de aumento de preços de alimentos diminuiu. “Atribuo ao arrefecimento da inflação de alimentos, que tem peso significativo na cesta de consumo dessas duas regiões”, ressaltou.

Serviços

A tendência no setor de serviços é de taxas de crescimento não tão elevadas quanto as registradas há alguns anos, afirmou Hamilton. “Provavelmente, a Copa do Mundo tenha ajudado a segurar a ,receita do setor de serviços. Mas é razoável imaginar que, dentro daquela expectativa de composição de demanda, o setor de serviços continua em tendência de acomodação, apresentando taxas de crescimento não tão elevada quanto há alguns anos”, afirmou.

No entanto, segundo o diretor do BC, o desempenho da indústria tem sido insatisfatório. Mas ele chamou atenção de que a recuperação da produção agropecuária no Nordeste, após dois anos de seca, já ajuda a indústria local.

“Embora o peso da agricultura seja relativamente pequeno na composição do PIB de modo geral, mas tem impacto importante sobre os demais segmentos”, afirmou Hamilton.

O diretor do BC reconheceu ainda que a taxa de crescimento do consumo das famílias recuou um pouco, e ressaltou que o consumo do governo atingiu seu pico histórico de participação no PIB em 2013, com uma fatia de 22%. “Olhando um pouco para crédito, vemos que em 12 meses, a taxa de expansão no Brasil está em 13,6%”, ressaltou. “Crédito é um componente importante de demanda, o outro é o emprego”, explicou ele.