O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, colocou em xeque há pouco as transferências sem ônus de títulos do Tesouro Nacional que não vão para o mercado para o BC, que oferece operações compromissadas. “A pergunta que não quer calar é se esse negócios não é uma pedalada. Fico em dúvida sobre se isso é uma transferência indireta. Conheço bem essa interação entre Tesouro e BC e tenho dúvida sobre se isso não é um financiamento indireto ao Tesouro”, disse durante seminário “Caminhos para o Brasil” organizada pelo Instituto Teotônio Vilela e PSDB, no Senado Federal.

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Ele disse temer que as operações possam ser inconstitucionais, ainda que haja alguma amortização desses instrumentos. “Não sei se isso é suficiente para afastar dessa minha mente confusa se o que pode haver aí é uma inconstitucionalidade, uma pedalada. E se existir, é grande, de R$ 1 trilhão”, citando praticamente o total do montante que o BC já tem em estoque de títulos de operações compromissadas.

O economista ligado ao PSDB salientou que esse montante é praticamente um terço da dívida pública total. “É um terço da dívida que já não encontra colocação final. Por muito menos do que isso, a Grécia quebrou. Aqui não acontece isso porque o BC cumpre esse papel. A pergunta que não quer calar é se esse negócio não é uma pedalada”, enfatizou novamente.

Os títulos públicos que o Tesouro não consegue vender, transfere ao BC, mas os investidores, de acordo com Franco, têm mostrado resistência em absorver papéis públicos. “O Tesouro tem tido dificuldade de rolagem, os leilões fracassam”, pontuou.

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