O economista e ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco mostrou nesta terça-feira, 19, preocupação com o lado fiscal dentro do tripé econômico. Em palestra em evento organizado pela Câmara Brasil-França, Franco disse que na relação da dívida com o Produto Interno Bruto (PIB), “tem coisa que não está sendo contabilizada”, como obrigações com a Petrobras. Ele também apresentou um estudo do economista Raul Veloso que mostra que o gasto com a Previdência Social em 2012 foi de 9,5% do PIB e que, sem reforma, chegaria a 19,5% em 2040.
De acordo com Franco, os leilões de concessão que o governo promove são bem-vindos. “Atrasos na infraestrutura são fruto de momentos que hesitamos e que estão sendo resolvidos agora – com atraso, diga-se”, afirmou. O economista e ex-presidente do BC, no entanto, criticou a “modelagem” das licitações, classificada por ele como “um tanto estranha”.
Franco disse ainda que a diplomacia do Brasil deveria se esforçar para que o País se una à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e não fique apenas focado em fazer o governo conquistar um assento no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU). “A OCDE reflete uma postura multilateral, exige medidas domésticas que já deveríamos ter tomado. Traz ajustes bons para dentro de casa em vez de nos escondermos numa retórica Sul-Sul.”
O economista e ex-presidente do banco afirmou ainda que o Brasil não deveria se preocupar com a política monetária dos EUA no momento, uma vez que o País dispõe de grandes reservas internacionais. “(O Brasil) tem de se preocupar mais com as questões domésticas”, defendeu. Perguntado sobre a eleição presidencial de 2014, Franco disse que não sabe qual presidente Dilma Rousseff se apresentará como candidata: aquela na direção de políticas macroeconômicas mais equilibradas ou na radicalização do que é feito. “Espero, de coração aberto, que seja a primeira opção.” O economista disse ainda que é filiado ao PSDB e que acredita na vitória do senador Aécio Neves (PSDB-MG).