O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, informou que recebeu autorização do conselho do banco para pagar ao Tesouro mais R$ 7,35 bilhões referentes à dívida com Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD). Com os outros R$ 3 bilhões já pagos em junho, a Caixa completa agora um total de R$ 10,35 bilhões quitados. Isso corresponde a 25% dos R$ 40 bilhões devidos pelo banco.
Os IHCD foram usados pelo governo da presidente Dilma Rousseff para elevar o volume de recursos em instituições públicas. Até o fim do ano, conforme Guimarães, a Caixa planeja pagar mais R$ 10 bilhões.
“Já pagamos R$ 3 bilhões e agora vamos pagar R$ 7,35 bilhões. Estamos completando 25% de pagamento dos R$ 40 bilhões de IHCD”, resumiu Guimarães, em coletiva de imprensa. Segundo ele, no próximo balanço o banco pretende fazer um detalhamento dos custos destas linhas para a Caixa.
“O IHCD custa 20% ao ano, com o lucro atual da Caixa. Se o lucro continuar a subir, o custo pode ser mais que isso. Quanto maior o lucro, maior o custo da linha”, afirmou Guimarães. “Se o lucro continuar a subir, o custo do IHCD pode ser maior.”
De acordo com Guimarães, é importante para a Caixa promover o pagamento desta dívida, porque isso gerará economia “sensível” nas despesas. “O pagamento de R$ 10,35 bilhões de IHCD reduz em R$ 2 bilhões por ano o custo”, afirmou. “Estamos despedalando, estamos pagando dívidas caras, de mais de três vezes a Selic (a taxa básica de juros).” Atualmente, a Selic está em 6,00% ao ano.
O presidente da Caixa pontuou ainda que a instituição conseguirá pagar os R$ 7,35 bilhões de agora “sem nenhum evento de liquidez no balanço, sem a venda (de ações) da Petrobras”, afirmou. A venda dos papéis da Petrobras pela Caixa movimentou R$ 7 bilhões. O lucro da venda, no entanto, ainda não foi divulgado. “Por que um banco tem que ter ação de uma empresa de petróleo dentro do patrimônio?”, comentou Guimarães. “Ao vender ações da Petrobras, tivemos impacto positivo em resultado e governança”, acrescentou, afirmando que o próprio Banco Central vinha aconselhando a venda.
De acordo com Guimarães, a Caixa está pagando os instrumentos híbridos por meio de seu resultado, que “tem sido forte”. “O receio no passado é que tivéssemos problema de solvência, mas não há isso”, disse. “O índice de Basileia da Caixa está ao redor de 20%.”
Guimarães afirmou ainda que o momento do pagamento de outros R$ 10 bilhões até o fim do ano dependerá de negociações feitas atualmente pela Caixa. “Se conseguíssemos os R$ 10 bilhões imediatamente, seria o ideal. Mas depende de renegociação na parte de seguros e cartões. Temos ainda a (venda de ações da) Petrobras”, pontuou. Segundo ele, porém, ainda que não ocorram receitas não recorrentes, até 31 de dezembro o banco pagará os R$ 10 bilhões de IHCD.
“Não precisamos de resultado extraordinário para pagar o IHCD. O foco da Caixa é claro: temos total tranquilidade para pagar”, disse o presidente. Sobre os demais R$ 20 bilhões que ainda restarão após 2019, Guimarães pontuou que eles têm um custo menor que os instrumentos pagos este ano.