Genebra
– Os conflitos na Costa do Marfim podem beneficiar as exportações brasileiras. O país africano é o maior produtor mundial de cacau e é responsável por 40% do fluxo internacional do produto. Mas diante da guerra civil que se instaurou no país desde meados de setembro, os produtores de chocolate, principalmente os da Europa, podem começar a substituir as importações africanas por brasileiras e equatorianas.O Brasil é apenas o quinto maior produtor de cacau do mundo, com 130 mil toneladas por ano, um décimo da produção da Costa do Marfim. Mas segundo a Associação de Produtores de Chocolate da Suíça, as importações de outros países podem aumentar se a crise política na Costa do Marfim não for solucionada em poucas semanas.
Atualmente, o Brasil representa apenas 3% das importações suíças. O problema é que a guerra no país africano ocorre exatamente no início da plantação da safra que será colhida em 2003. Os agricultores teriam deixado sua terras temendo ataques e o transporte do cacau armazenado pelo país está praticamente interrompido.
Diante das dificuldades, as empresas de chocolate devem buscar novos fornecedores. Entre as empresas suíças que usam o cacau da Costa do Marfim estão a Nestlé, a Kraft Foods e a Lindt.
Outra conseqüência do conflito na Costa do Marfim é a alta nos preços internacionais do cacau, que atingem os maiores níveis desde a década de 80. A alta, portanto, também poderia favorecer os produtores brasileiros.
O resultado, porém, tem sido um aumento nos preços dos chocolates na Europa. A Nestlé promoveu um aumento de 4% nas últimas semanas e, em média, as outras empresas também seguiram os mesmos passos. O impacto sobre os consumidores somente não é maior porque o cacau representa apenas 10% do custo do chocolate.