O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu nesta quarta-feira, 13, que o envio da proposta de novo pacto federativo ao Congresso pode ficar para outro momento, caso se chegue à conclusão de que ela atrapalhará a tramitação da reforma da Previdência que já está na Câmara dos Deputados.

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“Se o pacto federativo for atrapalhar a Previdência, a proposta pode ser retirada. Mas estamos falando de uma agenda positiva”, afirmou, em discurso de transmissão de cargo do novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

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Guedes lembrou que Estados e municípios estão quebrados e alegou que a pressão dos entes federativos sobre o governo federal “empurrou” a discussão sobre o pacto federativo. Mais uma vez, ele não deu detalhes sobre esse projeto.

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“Eu prefiro vagamente fazer a coisa certa do que fazer precisamente a coisa errada. O Brasil desde o Plano Cruzado fez com extrema precisão a coisa errada. Pode demorar um pouco ou doer um pouco, mas vamos fazer a coisa certa”, completou.

Guedes defendeu desvincular e desindexar totalmente o Orçamento federal. “Não teve acordo político? Então paga apenas o que gastou no ano anterior. Não precisa nem ‘shutdown’ como nos Estados Unidos”, defendeu. “Se o servidor público virar cidadão como qualquer outro, (uma eventual) crise acaba em um ano”, alfinetou.

Guedes avaliou novamente que a desindexação e desvinculação do Orçamento dará mais protagonismo à classe política. “Os políticos reconhecem que têm que assumir o Orçamento”, afirmou. “Somos maduros o suficiente para descarimbar o dinheiro”, reforçou.

Segundo ele, os Estados que quiserem continuar a gastar um patamar mínimo com Educação e Saúde terão essa opção. “Quem quiser ficar com o dinheiro carimbado fica. Quem não quiser terá uma nova opção. Não vai reduzir os recursos para uma área, poderá se gastar até mesmo o triplo se essa for a decisão”, alegou. “A função do deputado não é arrumar boquinha, é descer dinheiro para base”, acrescentou.

O ministro ainda lançou a ideia de formação de um Conselho Fiscal da República para deliberar sobre o Orçamento da União. “Gostaria que esse conselho fosse mais importante que o Conselho de Política Monetária (Copom)”, afirmou.

Guedes disse que nesses primeiros meses de governo não teve nenhuma conversa desagradável ou não republicana com a classe política. “Vejo poderes independentes no Brasil e acredito que, institucionalmente, o País melhora”, completou.

Ele voltou a dizer que o novo governo está disposto a fazer também uma reforma no sistema tributário, que, segundo ele, asfixia o País. “Vamos reduzir alíquotas e horizontalizar as cobranças. Vamos abrir a economia, mas isso não será de forma linear, porque antes é preciso desonerar o setor produtivo”, projetou.