Um grupo formado por representantes da iniciativa privada e da classe política lança nesta terça-feira, 06, um movimento em prol do fortalecimento da indústria química do ABC paulista. A região, localizada próxima à capital de São Paulo, reúne 1.130 empresas e representa um faturamento estimado em R$ 49,5 bilhões anuais, o equivalente a 13,7% do total da indústria química no Brasil.
A iniciativa conta com o apoio da Braskem, da Frente Parlamentar em Defesa da Competitividade do Setor Químico, Petroquímico e Plástico do Brasil e do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e tem como premissa um estudo elaborado pela consultoria MaxiQuim. O material traz um raio-X da situação da indústria química no ABC paulista e deve ser usado como ponto de partida para discussões sobre os desafios e oportunidades da região.
“O levantamento mostra que o ABC vai muito além do polo petroquímico. O ABC tem uma indústria química forte, é uma região com capacidade para formação de mão de obra e está próxima ao pré-sal. Esses são alguns dos pontos que queremos destacar”, cita o diretor e sócio da MaxiQuim, João Luiz Zuñeda.
Para o especialista, a região precisa definir se quer ou não fortalecer a indústria química local, abrindo espaço para a atração de mão de obra qualificada e mais investimentos. “A indústria de capital intensivo responde por um terço da indústria química local. Os dois terços restantes estão ligados ao consumidor final e há muitas oportunidades nessa área”, destaca Zuñeda, referindo-se à produção de materiais como tintas, produtos de higiene e limpeza e plásticos, entre outros.
A indústria química brasileira encerrou 2013 com déficit comercial de mais de US$ 30 bilhões, número que pode se repetir neste ano. Tal situação poderia ser revertida a partir do fortalecimento da indústria química nacional, a começar por um trabalho mais específico no ABC, região que se destaca pela proximidade com o mercado consumidor de São Paulo.
“O motor do investimento não está apenas no grande projeto, na construção de uma grande fábrica, por exemplo. Ele está na geração de conhecimento. O ABC é uma região com empresas, universidades e escolas técnicas”, lembra Zuñeda. “O ABC tem que ter como foco o conhecimento aliado à tecnologia”, completa o sócio da MaxiQuim.
O levantamento mostra que a indústria química proporciona um valor adicionado fiscal (VAF) superior a R$ 10 bilhões por ano aos municípios do ABC. “A região é fundamental para os negócios da Braskem e, por isso, lutamos pelo crescimento sustentável por meio de inovação e fortalecimento de novas cadeias produtivas”, destaca o vice-presidente de Relações Institucionais e Desenvolvimento Sustentável da Braskem, Marcelo Lyra.
A proposta do movimento é estimular o início de um amplo debate sobre a situação da indústria química no ABC paulista em um momento no qual a exploração do pré-sal pode determinar o futuro da indústria de base brasileira. Se nos Estados Unidos a exploração do ‘shale gas’ é vista como um divisor de água para a competitividade da indústria norte-americana, a aposta de especialistas do setor é de que a exploração do pré-sal, se bem gerenciada, também pode ser um propulsor à competitividade da indústria brasileira.