A Polícia Federal desencadeou hoje (17) operação contra um grupo de empresas de autopeças de Maringá (PR) que sonegou, segundo investigação, cerca de R$ 800 milhões em impostos nos últimos cinco anos.
As empresas pertencentes à família Tolardo, diz a PF, está há décadas no ramo e exercia uma “concorrência absolutamente desleal”.
Os advogados da família negam qualquer sonegação e dizem que as empresas do grupo estão “absolutamente regulares”.
Os bens da família Tolardo foram bloqueados e 44 mandados de busca e apreensão foram cumpridos durante a apuração. Entre os bens apreendidos, estão duas aeronaves e automóveis de luxo.
Membros da família e funcionários do primeiro escalão das empresas, que empregavam cerca de 1.200 pessoas, também foram chamados a depor. Até o momento, ninguém foi preso.
Esquema de sonegação
Segundo o delegado Alexander Dias, responsável pela operação, as empresas da família Tolardo declaravam muito menos do que vendiam em seus relatórios fiscais e contábeis e, com isso, conseguiram sonegar milhões de reais nos últimos anos.
O segredo para que o golpe não fosse descoberto, segundo Dias, era o uso de empresas em nome de “laranjas”, que eram fechadas ou abandonadas assim que a Receita Federal descobrisse problemas ou cobrasse dívidas fiscais.
Cerca de 400 empresas em quatro Estados brasileiros (Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e São Paulo) foram constituídas para sustentar a sonegação, diz a PF. A maioria dos laranjas nem sequer sabia que seu nome estava sendo usado.
Bolsa família
“Descobrimos situações esdrúxulas, como pessoas muito humildes, em situação de extrema pobreza, que não conseguiam se cadastrar no Bolsa Família porque verificavam que havia uma dívida milionária vinculada a elas”, disse o delegado.
De acordo com José Francisco Pereira, advogado da família Tolardo, as empresas que seriam laranjas relacionadas pela PF são “muito antigas” e “não têm qualquer relação com as atuais empresas da família”.
“Não consegui entender até agora qual o vínculo, qual a materialidade que eles [Polícia Federal] têm para chegar a essa conclusão”, disse o advogado.