A um mês da Cúpula do G8 (Grupo dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia), em Gleneagles, na Escócia, os ministros das Finanças do grupo se reúnem neste final de semana – ontem e hoje – em Londres para tentar alcançar um difícil compromisso sobre o alívio da dívida dos países pobres.
Este encontro preparatório, que coincide com um momento de crise do projeto europeu, debaterá principalmente a proposta britânica de lançar um ?Plano Marshal? para combater a pobreza na África, que implicaria no cancelamento da dívida multilateral dos países mais pobres do planeta.
O ministro britânico das Finanças, Gordon Brown, cujo país exerce este ano a presidência do G8, manifestou seu otimismo com relação à possibilidade de se obter um acordo nestes dois dias de debates preparatórios para a reunião de 6 a 8 de julho. ?Há uma vontade de se chegar a um acordo?, assegurou Brown à rádio BBC, enquanto se preparava para receber seus colegas de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão (G7) e Rússia.
No entanto, ainda ontem os Estados Unidos sequer davam sinal oficial de que apoiarão a proposta britânica, reavaliando ou vendendo as reservas de ouro que possui. De acordo com a edição de ontem do New York Times, os Estados Unidos vão propor aos demais membros do G7 a anulação da dívida de 18 países africanos e sul-americanos.
Participam ainda desta reunião o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato, o presidente do Banco Mundial (Bird), Paul Wolfowitz, e o comissário europeu para Assuntos Econômicos e Monetários, Joaquín Almunia.
Além disso, os ministros do G8 convidaram seus colegas do grupo dos principais países em desenvolvimento – Brasil, Índia, África do Sul e China -, com quem se encontram no café da manhã de hoje.
Nos últimos dias, a Grã-Bretanha vem intensificando seus esforços para obter um acordo sobre o que chamou de prioridades de seu mandato frente ao G8: a ajuda ao desenvolvimento e à mudança climática.
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, viajou esta semana a Washington para se reunir com o presidente americano, George W. Bush, em busca de um acordo antes da Cúpula do G8.
A proposta britânica para ajuda ao desenvolvimento inclui, além do perdão da dívida dos países pobres, a criação de um mecanismo denominado Serviço Financeiro Internacional (IFF, por suas siglas em inglês). Este mecanismo permitiria, por meio da venda de bônus nos mercados de capitais, arrecadar fundos de investidores privados para aplicar no desenvolvimento da África.
Crise pode afetar a economia, admite Palocci
O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, reconheceu ontem que a atual crise política e a criação da CPI dos Correios podem ter impacto sobre a economia. ?Todo processo político que não se ordenar causa um impacto na economia, mas a CPI não precisa ocupar todos os deputados?, disse Palocci. Na visão do ministro, é preciso que sejam tomadas providências para investigar as denúncias, mas sem que sejam paralisadas a pauta do Legislativo e as reformas.
?O ruim é se parasse a agenda que vem sendo feita muito bem pelo Legislativo e Executivo. É por isso que houve um avanço na micro e na macroeconomia.?
Suas declarações foram feitas em Londres, onde participa como convidado de uma reunião de dois dias com ministros da Economia do G8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia).
Confiança
Palocci disse confiar no desempenho das instituições brasileiras para superar a crise.
?Cria-se um clima de preocupação no país, mas confio fortemente nas instituições brasileiras, como o Congresso Nacional, tribunais de Justiça e Promotoria, para fazer com que as tensões se dirijam para as instância competentes e que se façam os devidos esclarecimentos.?
Palocci se encontrou ontem com o governador do Banco da Inglaterra, Mervyn King, e com o secretário do Tesouro americano, John Snow. Ele disse ter tido uma longa discussão com King sobre a economia britânica que, ao seu ver, ?tem similaridades com a do Brasil?. Já o americano Snow confirmou ao ministro da Fazenda que visitará o Brasil em agosto.
Hoje, Palocci terá um café da manhã com os ministro da Economia do G8. Após esse encontro, Palocci vai se reunir com o presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz.
O encontro de ministros em Londres é uma reunião preparativa para o encontro de líderes do G8 que acontecerá na Escócia em julho. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparecerá ao evento.
