Grupo Docas desiste de comprar a Varig

O Grupo Docas, do empresário Nelson Tanure, anunciou a desistência da proposta de compra de 25% do capital votante e o ?aluguel? de 42% do controle da Varig pelo período de 10 anos por US$ 112 milhões. O acordo havia sido negociado em dezembro com o conselho curador da Fundação Ruben Berta (FRB) – que detém 87% do controle da Varig -, mas foi suspenso pela Justiça, que condicionou a operação à aprovação dos credores, já que a companhia está em recuperação.

Os credores, por sua vez, numa assembléia tumultuada, vetaram a transação com Docas. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) chegou a suspender a assembléia, que foi realizada mesmo assim por determinação da consultoria Deloitte, administradora judicial da Varig. O anúncio de Tanure foi feito ontem, na abertura da assembléia do colégio deliberante da FRB. O colégio deliberante – instância máxima na tomada de decisões – é formada por cerca de 140 funcionários da Varig.

Ao justificar a desistência, Tanure teria dito que ?não adiantava fazer negócio com quem não tinha interesse em negociar?, informou a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio. Segundo ela, Tanure teria dito que o seu interesse pela Varig surgiu em 2003, quando ele foi procurado por representantes da empresa, como Marcelo Bottini, e pelos assessores econômicos Paulo Rabello de Castro e Elvio Borges.

Mesmo desistindo da proposta de compra do controle da Varig, Docas reafirmou que mantém o interesse em adquirir a VarigLog (cargas) e VEM (manutenção), que haviam sido vendidas provisoriamente para a TAP – por meio da sociedade de propósito específico Aero-LB – por US$ 62 milhões.

A conclusão da operação estava condicionada à cobertura pela TAP de ofertas que fossem feitas no leilão encerrado em 9 de dezembro. Duas propostas foram apresentadas: a do fundo norte-americano Matlin Patterson (US$ 77 milhões) e do grupo brasileiro Docas (US$ 139 milhões).

No entanto, tanto a Aero-LB como o banco suíço UBS desqualificaram a proposta feita por Docas, por não atender os requisitos do edital de venda.

O assessor da presidência de Docas, Demétrio Guiot, questionou o direito ?abusivo? dado à Aero-LB para desqualificar a proposta do grupo brasileiro. Ele também criticou o relatório da UBS e a ?lisura? do banco para analisar o cumprimento das exigências do edital de venda da VarigLog e VEM.

?Vamos bater, não vamos mais apanhar. Porque quem bate não sabe apanhar?, disse Guiot ao reafirmar o interesse de Docas em comprar a VarigLog e VEM.

Ele lembrou que apesar de desistir de comprar o controle da Varig, por meio de um acordo com a FRB, Docas já deu uma entrada de US$ 11,2 milhões.

O Matlin, que já havia tentado comprar a VarigLog por US$ 38 milhões, ofereceu US$ 77 milhões para ficar com as duas subsidiárias. Para ficar apenas com a VarigLog, o fundo americano ofereceu US$ 55 milhões.

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