Mesmo sem chegar ao Brasil, a gripe aviária já está causando verdadeiros estragos à economia do País. No Paraná, responsável por cerca de 22% da produção nacional de frangos, a indústria avícola demitiu 200 funcionários apenas no mês de janeiro. Porém, caso a crise se aprofunde, a redução de postos de trabalho poderá chegar a 30%, ou seja, demissão de 10 mil pessoas. Os dados foram apresentados ontem pelo supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), Cid Cordeiro, durante seminário realizado em Curitiba para avaliar os impactos da gripe aviária na economia do Paraná.
?O vírus da gripe pode não vir para o Brasil, mas as conseqüências já estão sendo sentidas?, afirmou Cordeiro. Segundo ele, como cada emprego direto afeta três a cinco indiretos, a queda do emprego pode variar entre 29 e 48 mil. ?São dados que nos preocupam, principalmente porque independe se a doença virá para cá ou não?, afirmou. O economista ponderou, no entanto, que tal impacto nos postos de trabalho só deve ocorrer se a crise chegar ao seu extremo.
No Paraná, conforme levantamento do Dieese-PR, onze municípios devem ser mais afetados pela crise, entre eles Toledo, onde a Sadia emprega aproximadamente 8 mil pessoas. Estão incluídas ainda nesta lista Cafelândia, Rolândia, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Matelândia, Cascavel, Palotina, Lapa e Londrina. ?São municípios em que a indústria avícola emprega mais de mil pessoas e onde este setor representa 40% a 60% do PIB municipal?, apontou Cordeiro. Para driblar a crise, o economista aposta na ampliação de novos mercados – uma vez que o Brasil é reconhecido pela qualidade da carne de frango – e na diversificação, com a produção de embutidos.
Prevenindo
O vice-governador e secretário estadual da Agricultura, Orlando Pessuti, destacou que o País e o Estado já vêm tomando medidas para impedir a entrada do vírus influenza. ?Num primeiro momento, estão sendo monitoradas as aves migratórias. E no caso do Brasil, elas vêm dos Estados Unidos e do Canadá, onde não há a doença, o que é bastante positivo?, afirmou. Além disso, portos e aeroportos vêm sendo fiscalizados. Pessuti criticou a falta de recursos do governo federal para a defesa agropecuária e citou como exemplo a febre aftosa. ?O Paraná está pagando um preço alto?, criticou.
Segundo o superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, Valmir Kowalewski, o governo federal vem traçando um plano nacional para impedir a entrada do vírus. E, caso entre, a superintendência conta com um cadastro das propriedades que possibilitará o isolamento, caso seja necessário. Kowalewski admitiu, porém, que falta estrutura, há poucos laboratórios capazes de diagnosticar a presença do vírus da gripe aviária e faltam ainda técnicos capacitados para a identificar o vírus e investimento em educação sanitária.