"A influenza aviária vai chegar ao Brasil. Só não se sabe ainda quando." Considerando esta premissa, o setor avícola já se prepara para tentar amenizar os prejuízos, que podem chegar a R$ 9 bilhões, conforme previsão da Associação Brasileira de Exportadores de Frango (Abef).

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Uma dessas medidas é a regionalização sanitária por estado. A primeira fase do projeto tem como meta permitir que até o final de 2006, além do Paraná – maior produtor brasileiro de carne de frango -, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo estejam com a regionalização implantada e reconhecida internacionalmente pelos países compradores e entidades internacionais. Estes quatro estados juntos respondem por aproximadamente 80% da produção avícola nacional.

"A estimativa da Abef é que com a estadualização, o surgimento de um foco na região Sul comprometeria apenas 32% das exportações brasileiras", explicou o presidente do Sindicato dos Abatedouros e Indústrias Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins.

No Paraná, a indústria avícola está passando por um ajuste que tem como objetivo reduzir a produção de frango de corte em pelo menos 20% este ano. Com isso, a intenção é manter o equilíbrio entre oferta e demanda no mercado interno.

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"A grande preocupação é a gripe aviária. Queremos colocar logo fim à crise da aftosa para nos concentrarmos de forma vigorosa na tomada de precauções contra a gripe aviária", afirmou o assessor econômico do Sindicarne-PR, Gustavo Fanaya. O economista não tem dúvidas de que o vírus da influenza aviária chegará ao Brasil. "Os ciclos migratórios estão se cruzando neste momento. É algo incontrolável. Com certeza absoluta, vai chegar aos Estados Unidos, ao Canadá, ao México e à América do Sul."

Segundo ele, o aspecto positivo é que o Brasil será um dos últimos a ser atingido pela doença. E, portanto, "o assunto já estará mais amadurecido, a comoção digerida". "Diferentemente da aftosa, que ninguém achava que voltaria a ocorrer, a gripe aviária todo mundo sabe que vai chegar. A situação, portanto, fica mais confortável, todo o aparato já estará montado", acredita. Para Fanaya, os focos da aftosa serviram ainda para "acordar as autoridades" – principalmente da esfera federal – para a importância da sanidade animal. "Existe tempo para tomar as precauções. Só não farão nada se não quiserem."

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O supervisor técnico do Dieese-PR, Cid Cordeiro, também acredita que se trata de uma crise conjuntural e não estrutural. "Se a gripe aviária ocorrer, será rápida. O nosso temor é que a indústria ‘queime’ mão-de-obra especializada", afirmou. Segundo dados do Ministério do Trabalho, cerca de 200 pessoas do setor foram demitidas apenas em janeiro. Empresas que não estão fazendo corte de funcionários estão propondo a redução salarial. É o caso da Copacol, de Cafelândia, que propôs a redução dos salários dos funcionários em 20% para evitar demissões.