Greves envolveram 65 mil pessoas no Paraná

Os dados fazem parte do levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Ontem, o escritório regional divulgou os dados do Paraná.

Para o supervisor técnico do Dieese-PR, Cid Cordeiro, boa parte das greves poderia ter sido evitada caso as empresas (no caso do setor privado) e o governo (no caso do setor público) cumprissem itens básicos, como não atrasar o pagamento dos salários, oferecer condições de trabalho e cumprir os acordos e a legislação. ?Se os resultados que os trabalhadores conseguem durante a greve fossem obtidos durante a mesa de negociações, muitas greves teriam sido evitadas?, apontou Cordeiro, lembrando que a greve só é deflagrada quando todas as tentativas de negociação forem esgotadas.

Quanto aos prejuízos causados pelas paralisações, o economista aponta o impacto de 0,02% sobre o PIB (Produto Interno Bruto). ?É mais um impacto do que perda, já que parte das horas paradas é compensada pelos trabalhadores com o fim da greve?, explicou Cordeiro.

Sobre os resultados das greves no ano passado, o levantamento do Dieese aponta que, no Paraná, em 66% dos casos houve negociação, com o atendimento das reivindicações dos trabalhadores; 33% foram parar na Justiça e o resultado foi a negociação intermediária – meio-termo entre as reivindicações dos trabalhadores e a proposta da empresa -, e 6% dos casos resultaram em constituição de comissão – que podem ter se transformado em negociação plena ou intermediária.

Maiores

A mais longa greve no ano passado foi a dos bancários, que durou 28 dias nas agências da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, 19 dias no Unibanco, 13 dias no Itaú, três dias no Bradesco e HSBC. Foram cerca de 12,6 mil bancários do Paraná envolvidos. Apesar de longa e desgastante, a greve dos bancários no ano passado representou o rompimento de tendência: eles conseguiram o reajuste salarial acima da inflação. ?Desde 2001, o reajuste era sempre menor que a inflação ou, em muitos casos, havia só o abono?, contou a presidente do sindicato da categoria, Marisa Stédile.

Outra greve importante foi a dos funcionários da montadora Audi-Volkswagen, que ficaram parados entre os dias 10 e 24 de maio. Eles reivindicavam redução da jornada de trabalho de 42 para 40 horas semanais e aumento da Participação de Lucros e Resultados de R$ 2,7 mil para R$ 3,2 mil. Ao final, conforme decisão judicial, ficou acertada PLR no valor de R$ 2.950,00 e redução da jornada.

Este ano, citou Cordeiro, as maiores greves até agora foram a dos servidores municipais de Londrina (31 dias em greve) e dos funcionários da CSN, em Araucária, que durou 21 dias. Nenhuma delas teve as reivindicações dos trabalhadores atendidas. Também pararam os bancários (durante seis dias), servidores do Banco Central, da Receita Federal, dos Correios, do INSS, entre outros. ?Este ano, mais categorias entraram em greve?, apontou Cordeiro.

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