Os 4.200 funcionários da Kraft Foods Brasil – 3 mil fixos e 1,2 mil temporários – cruzaram os braços por tempo indeterminado. Eles reivindicam 10% de aumento salarial, abono de um salário e uma cesta básica de R$ 150,00. A proposta salarial da empresa é de reajuste de 8%. Com a paralisação, iniciada por volta das 22h de segunda-feira, toda a produção da linha de chocolates, sucos, biscoitos, entre outros produtos, foi interrompida. É a primeira vez que os trabalhadores do Complexo Industrial de Curitiba, instalado em 2000, entram em greve.
“Estão todos parados, aguardando uma proposta melhor da empresa”, disse o presidente do sindicato da categoria, José Agnaldo Pereira. “Os trabalhadores são os responsáveis pelos extraordinários lucros da empresa. Queremos apenas o que nos é de direito, um salário que seja compatível com o tamanho de nossa produtividade,” reclamou. De acordo com Pereira, o salário médio dos funcionários da Kraft é de R$ 750,00. O menor piso salarial é de R$ 580,00, e os temporários – contratados pelo período de seis meses para a produção de chocolates para a Páscoa – recebem R$ 403,00, segundo o presidente do sindicato. “Queremos equiparar o salário dos temporários ao dos fixos.”
A data-base dos funcionários é dia 1.º de agosto, mas não houve negociação desde então. Ontem, representantes dos trabalhadores e da empresa tiveram audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PR), mas não chegaram a acordo. Segundo a assessoria de imprensa do TRT, foi a segunda tentativa de negociação entre as partes. O início da greve não havia sido comunicado oficialmente ao Tribunal até o final da tarde de ontem. Tão logo isso ocorra, será marcada audiência para julgamento da paralisação.
Páscoa
Com a paralisação, toda a produção de chocolates para a Páscoa 2005 – incluindo barras, ovos e bombons -, que já havia iniciado há um mês, foi interrompida. De acordo com Pereira, é a unidade de Curitiba que fornece produtos da Páscoa para todo o País. A fábrica trabalha com sua capacidade instalada quase total, com três turnos de trabalho.
“Todas as grandes empresas do País ofereceram aumentos reais de salário para seus trabalhadores nas negociações deste ano. Por que a Kraft quer nivelar por baixo, justamente num momento em que a economia cresce, como cresce a produção e seus enormes lucros?”, criticou o presidente do sindicato da categoria.
Kraft
A Kraft Foods Brasil lamentou ontem, em nota, a paralisação dos funcionários e informou que “sempre se manteve aberta à negociação, chegando a oferecer índice de reajuste de 8%, que supera a inflação do período, de 6,3%.” Informou ainda que aguardará o julgamento do dissídio e da legalidade da greve por parte do Tribunal Regional do Trabalho, e que as atividades administrativas de seu escritório central continuam sendo realizadas normalmente, bem como as atividades operacionais nas demais unidades da empresa no País.
Ressaltou também que “confia nas autoridades constituídas para que sejam oferecidas todas as garantias e preservados os direitos dos empregados do complexo industrial que quiserem se manter em seus respectivos postos de trabalho.” A empresa não divulgou os dados da produção, nem a quantia que está deixando de ser produzida durante a paralisação.
No Brasil, a Kraft Foods possui 11 fábricas e emprega mais de 10 mil pessoas, a Kraft fabrica marcas líderes como chocolates Lacta, sucos Maguary, bebidas em pó Tang e Clight e biscoitos Club Social e Trakinas.