Foto: Aliocha Maurício
Funcionários da unidade administrativa, em Curitiba, permaneceram na rua durante todo
 o dia.

A paralisação de 24 horas promovida ontem por funcionários da margem brasileira da Hidrelétrica Itaipu não afetou a geração nem a distribuição de energia elétrica. O protesto, realizado por trabalhadores de três sindicatos – Sindicato dos Eletricitários de Foz do Iguaçu (Sinefi), Sindicato dos Administradores do Estado do Paraná (Sinaep) e Sindicato dos Eletricitários de Curitiba (Sindenel) -, mobilizou cerca de mil funcionários – dos quase 1,4 mil brasileiros que a usina emprega – em Foz do Iguaçu e Curitiba.

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Na capital, os trabalhadores se concentraram em frente ao prédio da empresa, na Rua Comendador Araújo, com faixas e cartazes. No final da tarde, foi encerrada a mobilização. ?Amanhã (hoje) trabalharemos normalmente, porém continuamos mobilizados. Se as negociações não avançarem, estaremos convocando a categoria para uma nova paralisação?, afirmou o diretor-executivo do Sindicato dos Eletricitários de Curitiba, Alexandre Martins.

Em Foz do Iguaçu, a concentração ocorreu na entrada principal da usina (barreira de acesso) e no centro executivo. Centenas de turistas não puderam visitar a maior hidrelétrica do mundo. No final da tarde, a comissão de negociação da empresa convocou representantes dos sindicatos para uma reunião a portas fechadas. Os trabalhadores devem se reunir hoje, em assembléia, para decidir o rumo da mobilização.

Reivindicações

De acordo com o presidente do Sindicato dos Eletricitários de Foz do Iguaçu (Sinefi), Assis Paulo Sepp, os trabalhadores reivindicam aumento real de 1,5%, sistema paritário com os trabalhadores paraguaios e a volta da promoção por mérito, que segundo ele não ocorre desde 2003. ?Os trabalhadores brasileiros têm desvantagem em relação aos paraguaios quando são demitidos. Queremos um sistema paritário?, comentou Sepp. Segundo ele, a direção da empresa comprometeu-se a negociar essa questão até junho de 2007. Sobre outra reivindicação, a volta da promoção por mérito, Sepp afirmou que hoje não existe uma avaliação padronizada na empresa. ?Cada gerente avalia se determinado funcionário merece ou não promoção. Não há um sistema de promoção por mérito?, afirmou. O salário médio de um funcionário da Itaipu é de aproximadamente R$ 3,6 mil, afirmou Sepp.

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Sobre a paralisação, o presidente do Sinefi afirmou que a intenção não era de fato reduzir ou cessar a produção de energia. Seguindo esta linha, ficaram fora da greve funcionários que atuam nos turnos de operação – ligados à geração e distribuição de energia elétrica -, além de funcionários do Corpo de Bombeiros, medicina do trabalho, do refúgio biológico, da segurança patrimonial. Os engenheiros – cerca de duzentos – também ficaram fora da paralisação.

No ano passado, os trabalhadores ficaram em greve durante nove dias; o ponto de divergência era a Participação nos Lucros e Resultados. ?Temos nos empenhado para trabalhar da forma mais correta. A gente acha coerente e justo que o salário seja compatível com a mão-de-obra qualificada?, defendeu.

Itaipu Binacional

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Através de comunicado à imprensa, a Itaipu Binacional informou que a greve de um dia não interrompeu a geração de energia para o Brasil e o Paraguai. ?Os serviços essenciais estão garantidos por lei. As negociações sobre o acordo coletivo de trabalho prosseguem na tentativa de resolver o impasse?, afirmou o diretor-administrativo, Edésio Passos, na nota. Na negociação da data-base, Itaipu concedeu aumento de 2,71% nos salários, ou seja, o INPC integral, e ainda corrigiu o tíquete alimentação.

O comunicado informa ainda que a empresa ofereceu, também, para cada empregado, 80% de uma remuneração mais uma parcela fixa de R$ 1.000,00 como abono salarial. Em maio deste ano, Itaipu já havia distribuído dois salários extras para cada empregado a título de participação nos lucros e resultados.

?Em função da greve e por entender que a paralisação pode comprometer a qualidade do atendimento aos turistas, Itaipu suspendeu, temporariamente, as visitas à usina. O agendamento de visitas ao Complexo Turístico Itaipu, o que compreende a Usina, o Ecomuseu, o Refúgio Biológico Bela Vista, a Iluminação da Barragem e o Circuito Turístico Especial, será retomado após o término do movimento grevista?, encerrou a nota. A empresa emprega cerca de 1,4 mil trabalhadores brasileiros e outros 1,4 mil paraguaios.