Uma greve nacional que paralisou a Nigéria e levou dezenas de milhares de pessoas às ruas entrou em seu quarto dia, com trabalhadores do setor de petróleo ameaçando parar a produção. A greve e protestos no maior produtor de petróleo da África coloca o governo sob pressão, enquanto a administração busca parar os ataques atribuídos ao grupo islamista Boko Haram.

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O assassinato de cristãos pelo Boko Haram e retaliações cometidas contra os muçulmanos no sul do país geram temores de um conflito mais abrangente – alguns temem a possibilidade de uma guerra civil na nação mais populosa do continente.

Dois policiais foram mortos nesta quarta-feira quando uma multidão protestava na cidade de Minna, no centro do país, o que levou autoridades a declararem um toque de recolher, enquanto homens armados atacaram uma delegacia na cidade de Yola, a nordeste. Houve novos casos de violência veiculada à religião no nordeste do país, com quatro cristão mortos a tiros nas proximidades da cidade de Potiskum por supostos membros do Boko Haram.

Um toque de recolher foi imposto durante a noite no Estado de Yobe, onde fica Potiskum.

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Lagos, a principal cidade da Nigéria, com cerca de 15 milhões de habitantes, teve uma manifestação pacífica de cerca de 10 mil pessoas, na quarta-feira.

Bolsões da cidade, porém, sofreram com o quadro caótico, com gangues de jovens queimando pneus, atacando policiais e cometendo atos de vandalismo.

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Algumas pessoas se reuniam no principal local de protesto em Lagos na manhã desta quinta-feira. O taxista Dele Olaniyi, de 54 anos, afirmou que participava dos protestos desde a segunda-feira e não desistirá até que o governo volte com os subsídios ao combustível. “A maioria do nosso povo é pobre demais para bancar o novo preço.”

Olaniyi se referia ao reajuste de preços da gasolina de 1º de janeiro, quando o governo cortou subsídios e o preço mais que dobrou. Antes disso, os nigerianos pagavam o equivalente a US$ 0,40 o litro da gasolina.

Os sindicatos do setor de petróleo ameaçam parar a produção. Um deles afirmou que todas as plataformas de produção estão em “alerta vermelho, na preparação para a total parada da produção”.

Membros do Legislativo nigeriano disseram que pretendem discutir uma maneira de controlar a crise, mas não há saída clara para o impasse até o momento. Os senadores e deputados se reúnem novamente mais tarde nesta quinta-feira para tratar do assunto.

Um dirigente de um dos principais sindicatos do país afirmou que os trabalhadores não negociarão com o governo do presidente Goodluck Jonathan até que voltem os subsídios. Para muitos nigerianos, esse é o único benefício recebido da riqueza petrolífera nacional.

Autoridades do governo e economistas dizem que o fim dos subsídios era essencial e que isso permitirá a economia de US$ 8 bilhões ao ano, que devem ser usados para melhorar a infraestrutura nacional, um investimento bastante necessário.

O aumento da violência de fundo étnico e religioso em várias partes do país piorou o cenário caótico, em um país bastante dividido entre a maioria muçulmana do norte e o sul dominado por cristãos. O Boko Haram é acusado por vários ataques, e nas últimas semanas reivindicou ações contra cristãos, que por sua vez prometeram se defender.

Também nesta quinta-feira, a Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, afirmou que membros do Boko Haram podem ser culpados por crimes contra a humanidade, caso realizem ataques sistemáticos por causa da religião e da etnia das vítimas. A advertência foi feita em comunicado da autoridade internacional. As informações são da Dow Jones.