Oito dias após a deflagração da greve, operários da Ford em São Bernardo do Campo (SP) aprovaram o fim da paralisação durante assembleia na manhã desta sexta-feira,18, na porta da fábrica. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, os funcionários já voltaram ao trabalho, depois de aceitarem acordo fechado entre a entidade e a montadora prevendo a revogação da demissão dos cerca de 200 trabalhadores (prevista para 21 de setembro) e a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE). A empresa confirmou a negociação.
O PPE começará a partir de janeiro de 2016, quando a Ford prevê reduzir o ritmo de produção em São Bernardo, e deve durar seis meses – prazo que poderá ser prorrogado por igual período, caso necessário.
Pelo acordo, a jornada de trabalho será reduzida em 20% na fábrica, com igual redução do salário pago pela montadora. Para os trabalhadores, contudo, a redução será de apenas 10%, pois a outra metade será bancada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), com limite de até R$ 900,84. O montante que superar esse valor será complementado pela empresa.
Segundo o sindicato dos metalúrgicos, a redução salarial não vai incidir sobre as férias; apenas sobre o 13º salário. Pelo acordo, trabalhadores também conseguiram a ampliação da estabilidade do emprego até agosto de 2017. Até então, o compromisso da empresa era de não poder demitir sumariamente, sem justa causa, até abril de 2017. Na negociação, também ficou acertada a ampliação, por mais cinco meses, do lay-off (suspensão temporária dos contratos) do grupo trabalhadores que já estava afastado desde maio.
Com o PPE, a Ford será a quarta grande montadora à aderir ao plano no Brasil. Na quinta-feira, a Volkswagen confirmou a adesão ao programa na fábrica de São Bernardo do Campo, também com redução de 20% da jornada, que não incidirá sobre férias nem 13º salário. Na montadora, também haverá complementação do FAT. Já tinham aderido ao PPE a Mercedes-Benz em São Bernardo e a fabricante de máquinas agrícolas Cartepillar em Piracicaba (SP).