Mais de um milhão de paranaenses serão diretamente atingidos pela greve dos Correios, que começa a partir desta quarta-feira (14). O cálculo é do próprio Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR), que ainda chama atenção para o fato do Estado possuir uma situação diferenciada no que tange à contratação de terceiros, a chamada mão de obra temporária (MOT).
Segundo o secretário geral do Sintcom-PR, Luiz Antonio Ribeiro Souza, há uma ação ganha em segunda instância pelo sindicato, na qual as agências dos Correios daqui estão proibidas de lançar mão desse artifício. “Quem desrespeitar isso é multado”, alerta Souza. O Sintcom-PR estima adesão de 80% dos trabalhadores do Estado à paralisação, aprovada em assembleia na noite desta terça-feira.
Apesar disso, a assessoria de imprensa da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos no Paraná (ECT) garante ter um plano de contingência. Só na capital passam diariamente um milhão de objetos postais por dia, que são despachados para as demais praças. “Com a greve, as agências ficam abertas, mas a mercadoria encalha”, aponta Souza, lembrando que na última paralisação, em 2008, os trabalhadores ficaram 21 dias parados. Em todo o País, o prejuízo diário foi de R$ 20 milhões. Desta vez, o sindicato estima que o valor das perdas dobre.
Nos casos de encomendas expressas, como os serviços de Sedex, as entregas que não são efetuadas no prazo previsto pelo serviço precisam ser ressarcidas pela empresa. Do contrário, os órgãos de defesa do consumidor acionam a empresa que recebeu por um serviço não prestado.
Negociação travada
A ECT ofereceu 6,87% de reajuste salarial, mas os trabalhadores querem 7,16% de reposição da inflação do período e R$ 400 de aumento real. “A última proposta foi de reajuste em 6,87% e um abono de R$ 800, mas isso não é salário. Além disso, há uma reposição salarial do período de 1994 a 2010, que precisa ser contemplada”, cita Souza.
A categoria também rejeitou o ligeiro aumento no valor do vale-refeição de R$ 24,50 para R$ 25, na última contraproposta da empresa. Só em vale-refeição a categoria pede alteração dos atuais R$ 23 para R$ 30 por dia. “Além do reajuste e da melhoria dos benefícios, a categoria reivindica avanços nas condições de trabalho, que estão sendo mitigadas ao longo dos anos”, explica o secretário geral.
De acordo com Souza, o efetivo em todo o País está seriamente defasado. “Deveriam ser contratados 30 mil trabalhadores em todo o País, sendo 800 apenas para o Paraná”, explica. Hoje, o quadro de trabalhadores no Paraná é de 6,2 mil funcionários e a maioria fica nas funções operacionais, como entrega. Dada a falta de pessoal, os trabalhadores que deveriam ficar até três das oito horas de jornada diária na rua, atualmente, ficam entre quatro e cinco horas. “Isso gera um desgaste muito grande”, condena Souza.
Na avaliação do Sintcom, a Medida Provisória 532, que transforma a ECT em Sociedade Anônima (S/A), caso aprovada, dará mais um passo no processo de privatização do serviço. “Já está sucateado o atendimento e a MP vem reforçar a intenção do governo de privatizar”, acredita Souza.