O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que os trabalhadores dos Correios, que completam 24 dias de greve nesta sexta-feira (7), mantenham em atividade o contingente mínimo de 40% dos empregados em cada unidade operacional. Na liminar concedida nesta quinta-feira (6), o presidente do TST, João Oreste Dalazen, também antecipou a audiência de instrução do dissídio coletivo, inicialmente marcada para segunda-feira (10), para esta sexta-feira (7), às 14h. Mesmo assim, a paralisação deve se estender por pelo menos mais uma semana. A estimativa, nada otimista para a população, é do secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR), Luiz Antonio Ribeiro de Souza.
A audiência foi antecipada porque, na quarta-feira (5), os 35 sindicatos regionais da categoria rejeitaram a proposta de acordo feita pela direção da empresa em audiência de conciliação com o comando nacional de greve, no TST, e decidiram manter a paralisação. Os sindicalistas vão aproveitar a audiência para cobrar da empresa a devolução do desconto dos seis dias parados em setembro, que reduziu os salários. Mas os trabalhadores não estão confiantes em acordo. “Acho que não sai nada. Dia 12 é feriado e até o relator ser nomeado e marcar a audiência vai levar um tempo”, avalia Souza.
Duas questões emperram a negociação. A última proposta dos Correios é de um aumento linear de R$ 80 a partir de outubro e prevê o desconto dos dias parados ao longo de 2012. “Do jeito que foi colocado pela empresa, piorou”, critica o sindicalista, lembrando que na oferta anterior havia previsão de um abono salarial, que agora foi retirado. Os empregados dos Correios pleiteiam R$ 200 de reajuste e preferem que os dias parados sejam compensados com horas extras de trabalho.
Dalazen estipulou multa diária de R$ 50 mil à Federação Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) em caso de descumprimento da decisão que prevê o atendimento dos serviços inadiáveis, como recebimento, tratamento, transporte e distribuição de objetos nos centros de tratamento, centros operacionais, centros de triagem, agências postais, terminais de cargas e garagens. Porém o pedido da estatal para que os grevistas não impeçam o acesso de veículos nas unidades dos Correios foi indeferido pelo TST.
Souza já avisou que a exigência de 40% de pessoal trabalhando não será cumprida. “A Justiça já disse que Correios não são um serviço essencial”, argumenta. No País, a Fentect estima que 85% dos trabalhadores estejam de braços cruzados. No Paraná, o Sintcom-PR informa que 70% não estão trabalhando. Já os Correios alegam que só 20% dos empregados aderiram ao movimento.
De acordo com os Correios, cerca de 159 milhões de encomendas e correspondências deixaram de ser entregues desde o início da greve.
