Terminou na manhã de ontem a paralisação dos trabalhadores autônomos filiados ao Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sindicam). Foram dez dias de greve, que provocou a interrupção de entrega de aproximadamente 20.000 veículos para o mercado interno. No Paraná, a paralisação afetou algumas concessionárias, com o atraso na entrega. Para a Federação Nacional de Distribuição de Veículos no Paraná (Fenabrave-PR), no entanto, o reflexo não foi tão grande, uma vez que muitas revendedoras trabalham com grande estoque. A entidade não chegou a levantar o número de veículos que deixou de ser entregue no Estado durante a greve.
“A paralisação afetou todo mundo. Algumas revendas sentiram mais, outras menos”, afirmou o gerente de vendas da Servopa (Volkswagen), Mauro Finatte Tommasi. Segundo ele, os modelos mais prejudicados foram aqueles que vêm de outros estados – especialmente o Gol, fabricado em Taubaté (SP). “Os que são produzidos em São José dos Pinhais chegaram normalmente”, afirmou, referindo-se aos modelos Golf e Fox.
Na Ford Metropolitana, a greve também provocou prejuízos. Segundo o gerente de vendas Alex Finimundo, a loja deixou de receber cerca de 40 veículos desde o início da greve. “São carros tanto para pedidos quanto para o estoque”, informou. Os modelos comercializados pela Ford vêm de Camaçari (BA) e da unidade de São Bernardo do Campo (SP). Para Finimundo, o maior prejuízo da paralisação foi deixar de vender modelos que não estavam disponíveis. Ele não soube precisar, no entanto, o prejuízo em números. A expectativa, de acordo com o gerente de vendas, é que as entregas estejam normalizadas até o final da semana que vem.
Na Gran Park (Chevrolet), a gerente de vendas Nádia informou que as entregas atrasaram um pouco, mas a paralisação não chegou a afetar a revenda.
Liminar
A categoria decidiu retomar as atividades depois que o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luiz Fux concedeu liminar suspendendo decisão provisória da Justiça Federal do Rio Grande do Sul que obrigava a General Motors a repassar 10% da carga de veículos novos fabricados na fábrica de Gravataí – hoje transportada por empresas filiadas à ANTV (Associação Nacional das Empresas Transportadoras de Veículos) – para outras transportadoras desvinculadas dessa entidade e proibia que as empresas que vierem a preencher essa cota contratassem cegonheiros filiados ao Sindicam, ameaçando o trabalho de pelo menos 10% deles.
Segundo o vice-presidente do Sindicam, Elias Fazan, “o ministro se sensibilizou com o apelo social de uma categoria que corria o risco de perder seus postos de trabalho com base em uma tutela antecipada em um processo que sequer entrou em sua fase de produção de provas”. “Ele reconheceu que o dano social e irreversível que isso poderia causar aos trabalhadores é muito maior do que o suposto prejuízo que o Ministério Público quer evitar”, acrescentou. O Ministério Público Federal (MPF) do Rio Grande do Sul é o autor da ação civil pública na qual acusa o Sindicam, a ANTV e a GM de formação de cartel no transporte de veículos zero quilômetro.
Cegonheiros
Os 1.200 cegonheiros associados ao Sindicam – que representa 70% da categoria em todo País – são proprietários de uma frota total de cerca de 2 mil caminhões-cegonha e responsáveis pelo transporte médio de 3 mil veículos zero quilômetro por dia para concessionárias de todo o País e também portos, no caso dos carros para exportação. Segundo o Sindicam, apenas a Fiat não utiliza os serviços de seus cegonheiros. Desde o último dia 19 – segundo dia de paralisação – o serviço de transporte relacionado à exportação, que corresponde a cerca de 30% desse montante, foi retomado por deliberação da categoria.