Ontem a greve nacional dos bancários completou dez dias, e já é a maior dos últimos 20 anos, superando a de 2009, quando os bancários paralisaram 7.222 unidades no dia de maior pressão do movimento.

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Nesta sexta-feira os trabalhadores fecharam 8.278 agências nos 26 estados e no Distrito Federal. Esse número representa um aumento de 557 unidades em relação ao dia anterior e ultrapassa em 114% as 3.864 agências paralisadas no início da mobilização, em 29 de setembro.

Também foram fechados centros administrativos de todos os bancos. No Paraná já são 570 agências e 18,6 mil trabalhadores mobilizados – 241 agências, nove centros administrativos e 14 mil funcionários em Curitiba e região; no interior são 329 agências com as portas fechadas e adesão de 4,6 mil bancários – o que representa 79% da categoria, na base da Fetec-CUT-PR.

Desde o início da mobilização, segundo a categoria, nenhuma proposta da entidade patronal foi apresentada. Os bancários reivindicam 11% de reajuste, valorização dos pisos salariais, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR), medidas de proteção da saúde que inclua o combate ao assédio moral e às metas abusivas, garantia de emprego, mais contratações, igualdade de oportunidades, previdência complementar para todos, fim da prevaricação via correspondentes bancários e mais segurança.

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O Comando Nacional dos Bancários retomará as negociações com a Federação Nacional dos Bancários (Fenaban) hoje, às 11h, em São Paulo. A reunião foi agendada pelos bancos no final da tarde de ontem, em resposta ao ofício enviado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) na quinta-feira. Às 9h, os membros do comando se reúnem na sede da Contraf-CUT.

Na segunda-feira, dia 11, o Comando Nacional retoma também as negociações específicas com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. As duas reuniões acontecem em São Paulo, às 10h.

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“A proposta única de 4,29%, zero de aumento real e nada mais foi rejeitada pelas assembleias em todo o País. Outros segmentos econômicos, como metalúrgicos, petroleiros e telefônicos, negociaram e fizeram acordos com aumento acima da inflação e sem que houvesse greve. Por que os bancos, que são mais lucrativos, não negociam?”, questiona Carlos Cordeiro, presidente do Contraf-CUT.

Decisão

O Bradesco conseguiu revogar a decisão que tinha derrubado o interdito proibitório movido pelo banco contra o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.

O Corregedor-geral da Justiça do Trabalho, Carlos Alberto Reis de Paula, concedeu a liminar, permitindo que as portas do banco fossem reabertas. Mas mesmo com a decisão da Justiça, os funcionários do Bradesco continuaram mobilizados.

Sabendo da decisão favorável ao banco, a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR) manteve fechada grande parte das agências que tinham sido reabertas em Curitiba e São José dos Pinhais.

O presidente da entidade, Elias Jordão, explica que muitos bancários nem chegaram a atender o pedido do banco e não foram trabalhar. “Os bancários que foram até as agências, quando perceberam a presença da Fetec, aderiram novamente à mobilização. Os trabalhadores compreenderam a importância da greve e participaram das atividades”, informou.

ACP estuda medidas judiciais

A Associação Comercial do Paraná(ACP), preocupada com os eventuais prejuízos que a greve dos bancários possa estar causando à classe empresarial, estuda medidas judiciais a serem tomadas em defesa de seus associados.

“Não estamos julgando se são justos ou n&atil,de;o os motivos dos bancários. Mas, o empresariado não pode sofrer problemas em função do não funcionamento dos bancos”, disse o presidente da ACP, Edson Ramon.

No dia 29 do mês passado, a entidade havia enviado ofícios ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e ao secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, solicitando que, em função do movimento paredista fossem prorrogadas as datas de vencimento dos recolhimentos e pagamentos que deveriam ser feitos nos dias em que a greve persistir, sem a cobrança de multas e correções monetárias, para “não causar prejuízos ao empresariado impossibilitado de cumprir suas obrigações por motivos alheios à sua vontade”. A entidade lembra que muitas empresas, especialmente as micro e pequenas, se utilizam apenas das agências bancárias para saldar seus débitos.