Rio (AE) – A produção de telefones celulares inverteu em maio uma trajetória de forte crescimento, em conseqüência especialmente da greve na Receita Federal, que comprometeu a importação de componentes para fabricação desses produtos. O mau desempenho do setor acabou influenciando os resultados da indústria do Amazonas, que registrou redução de 5,7% no mês.
Além dos efeitos da greve, as exportações de celulares também começam a emitir sinais de redução de fôlego. Em maio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve queda de 17,4% na fabricação desses aparelhos na comparação a igual mês do ano passado. Silvio Sales, chefe da coordenação de indústria do instituto, explica que, além da greve, a produção de celulares foi afetada pelo câmbio. De acordo com o IBGE, na comparação com igual mês do ano anterior, a produção de aparelhos móveis havia crescido 14% em janeiro; 34 8%, em fevereiro; e 39,7%, em março, mas essa trajetória de forte alta reverteu-se para estabilidade (-0,1%) em abril e redução de 17,4% em maio.
Os dados do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Ciecam) especificamente sobre a produção na Zona Franca de Manaus, mostram que, de janeiro a maio deste ano, a produção de celulares acumulou queda de 33,5%, com 11,6 milhões de unidades, ante 17,4 milhões em igual período do ano passado. Mauricio Loureiro, presidente do Ciecam, acredita que boa parte da redução ?seja fruto de todas as greves (ele cita a Receita, Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Marinha Mercante), desde fevereiro deste ano?.
Os estados de São Paulo – com fábricas da Motorola, SonyEricsson LG, Samsung, Telemática (Venko), Kyocera e Huawei – e Amazonas, onde estão a Nokia, Samsung, Siemens, Gradiente, Vitelcom e Evadin, são os produtores de celulares no País. Mas as quedas recentes de produção estão concentradas na região amazônica, mais prejudicada pela greve da Receita iniciada em maio, que se prolongou até o final do mês passado.
Além disso, a queda nas exportações também tem se refletido na produção. Segundo dados da Teleco, consultoria especializada em telecomunicações, as exportações em junho somaram o equivalente a US$ 188 milhões, valor inferior aos US$ 223 milhões exportados em junho de 2005.
Segundo a consultoria, as vendas externas estão sendo afetadas pela redução significativa das encomendas da União Européia, já que a demanda de celulares na Europa está migrando para aparelhos 3G, que não são produzidos em grande escala no Brasil. De acordo com dados da Teleco, as exportações de celulares do Amazonas caíram em quantidade, de 8,84 milhões de unidades de janeiro a maio de 2005, para 5,38 milhões em igual período deste ano.