Caminhoneiros de todo o País paralisam as atividades por 72 horas, desde a meia-noite de ontem. Nesse período, cerca de 94 milhões de toneladas de cargas deixarão de ser transportadas, estima o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes.
A categoria reivindica a aplicação de R$ 8 bilhões dos recursos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) na recuperação das malha rodoviária.
“Está na hora de o governo investir na estrutura rodoviária, ferroviária e portuária. Se necessário, pararemos sempre as nossas atividades, apesar do prejuízo, para pressionar o governo a tomar uma postura”, disse Fonseca. Segundo ele, 86% das estradas do País apresentam problemas.
Na quinta-feira passada, em reunião com representantes da Frente Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas, ocorrida em Brasília, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, garantiu que a recuperação da malha rodoviária já foi iniciada e a expectativa do governo é de em pouco tempo restabelecer as condições de tráfego das estradas federais.
Na reunião, que contou com a participação dos ministros da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e da Integração Nacional, Ciro Gomes, os representantes do governo se comprometeram a trabalhar para que os pontos reivindicados pela categoria sejam atendidos o mais rápido possível. De acordo com o ministro Alfredo Nascimento, o atendimento às reivindicações é totalmente viável.
Já Nélio Botelho, do Movimento União Brasil Caminhoneiros e membro da Frente Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, diz que uma greve, neste momento, é uma incoerência, pois a categoria está negociando benefícios junto ao governo. Botelho também participou da reunião de quinta-feira. Uma nova reunião com representantes do governo está marcada para o dia 11 de agosto.
“Fazer a greve em cima do diálogo, nós achamos que é uma incoerência”, disse ele, ressaltando no entanto que compreende a motivação do protesto.
Em nota divulgada na quarta-feira, oito entidades da Frente Nacional lamentaram “a atitude isolada da Abcam” e pediram um “crédito de confiança” ao governo.
“Lamentamos a atitude isolada da Abcam e recomendamos a nossos associados que não prestigiem nem apóiem, por ação ou omissão, o movimento, que não está sintonizado com os anseios da categoria e com os interesses do País”, diz a nota assinada, entre outros, pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro, a União Nacional dos Caminhoneiros e a Associação Nacional do Transporte de Carga.