Manaus (ABr) – Dois mil operários do Pólo Industrial de Manaus (PIM) estão sendo obrigados a tirar férias coletivas antecipadas em função da greve dos auditores fiscais da Receita Federal, iniciada em 2 de maio. ?Esse número poderá chegar logo a 5 mil se não tivermos uma solução urgente para a greve?, disse ontem o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Maurício Loureiro.
De acordo com ele, a Zona Franca de Manaus é especialmente afetada pela paralisação dos fiscais, porque os componentes importados utilizados pelas empresas não estão sendo liberados. ?Estamos com linhas de produção paradas, com vendas retidas. Isso representa 40% do movimento do Pólo Industrial?.
Segundo Loureiro, são US$ 33 milhões por dia de prejuízo. ?Se você contar os dias úteis de greve, deixamos de ganhar cerca de US$ 1 bilhão?, reclamou Loureiro. Ele esclareceu, ainda, que o Cieam usou no cálculo desse número a expectativa de faturamento das indústrias do PIM para 2006, que é de US$ 21 bilhões.
Maurício Loureiro afirmou que os empresários evitam falar em demissões, embora esse risco não esteja descartado. ?Vamos intensificar o processo de férias, chamar o sindicato para um acordo maior, tentar segurar ao máximo?, argumentou. ?Fizemos um investimento ao longo de muitos anos na qualificação dessa mão-de-obra. E isso custa muito, assim como é caro demitir no Brasil.?
A última assembléia-geral do Sindicato Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco Sindical) ocorreu na quarta-feira (14). Os 2,4 mil trabalhadores presentes aprovaram a manutenção da greve por tempo indeterminado. Eles reivindicam um reajuste salarial de 57,66% para a remuneração inicial, de 27,13% para os salários pagos ao final da carreira e de 50,73% para os servidores aposentados. Segundo estudo do sindicato, intitulado ?Subsídios para Campanha Salarial?, esse seria o aumento mínimo necessário para recompor as perdas de poder aquisitivo que os servidores sofreram entre janeiro de 1995 e dezembro de 2005.