São Paulo – A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que completa 43 dias hoje, já representa mais de R$ 5 bilhões em prejuízos que estão se refletindo nos resultados da balança comercial e da fiscalização de tributos internos. Levantamento do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal em São Paulo (Unafisco São Paulo) indica que as perdas desde o início da greve, em 2 de maio, já passam de US$ 1.108 bilhão nas exportações e de US$ 587 milhões nas importações.
Na área de tributos internos, os prejuízos são estimados em aproximadamente R$ 2,5 bilhões, referentes a créditos tributários não lançados porque foram deixados de ser fiscalizadas cerca de 860 empresas e 10 mil pessoas físicas no período. Segundo a presidente do Unafisco São Paulo, Carmem Cecília Bressane, o movimento ganha força a cada semana. Mais de 70% dos 7,7 mil auditores em todo o País já aderiram à paralisação.
A categoria reivindica um plano de carreira com política de reajuste salarial. Os sindicalistas alegam perdas de 80% na correção dos salários nos últimos dez anos. O piso da categoria é de cerca de R$ 7 mil – salário-base de R$ 4,5 mil, mais benefícios. Para comparação, a presidente do Unafisco São Paulo diz que o salário inicial de um auditor fiscal do Estado de São Paulo chega a R$ 12 mil.
?Em 41 dias de greve, o governo federal teve perdas que representam cinco vezes o valor dos pleitos que reivindicamos?, afirma a presidente do Unafisco São Paulo.
A estimativa da entidade é de que cada dia de greve significa, em média, R$ 170 milhões em prejuízos, que poderiam ser creditados na conta do governo. ?Desse modo, perde não só o governo, mas toda a sociedade. Isso sem contar os transtornos para os contribuintes e para os auditores.?
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, assumiu recentemente as negociações com os grevistas. Até então, as conversas ocorriam no Ministério do Planejamento. ?O ministro se comprometeu a intermediar a abertura do diálogo, o que é positivo. Mas até agora nada de prático aconteceu?, diz Carmem. Para ela, o governo optou por arrastar a greve por mais 15 dias, quando está prevista outra reunião no Planejamento.
No Paraná, as empresas também estão recorrendo à Justiça para liberar as cargas. A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) obteve no último dia 15 liminar na Justiça que determina o desembaraço das mercadorias no porto de Paranaguá. Outras 50 empresas ligadas ao Instituto Centro de Comércio Exterior do Paraná (Cexpar) também conseguiram liminares.
Segundo os auditores fiscais, o último balanço indicava cerca de US$ 500 milhões em carga importada parada em Paranaguá. No aeroporto Afonso Pena, calcula-se que 60% das cargas para importação e exportação estejam paradas. Na aduana de Foz do Iguaçu, apenas três dos oito funcionários estão trabalhando, afetando a movimentação de fertilizantes e grãos.
