Greenspan quer “arrochar” benefícios

O presidente do Federal Reserve, o banco central dos EUA, Alan Greenspan, defendeu ontem mudanças no sistema previdenciário norte-americano, como forma de controlar o crescente déficit fiscal do país. O presidente do Fed sugeriu dois modos para contornar a situação. Uma opção seria a correção dos benefícios ser feita por uma nova versão do índice de inflação ao consumidor, que apurasse taxas inferiores aos índices vigentes.

Greenspan afirmou ainda que a idade de aposentadoria poderia aumentar, de acordo com um “indexador” que variasse segundo a expectativa de vida dos beneficiados. Ele não deu detalhes sobre a proposta. As afirmações foram feitas em discurso preparado para o Comitê Orçamentário da Câmara.

Greenspan afirmou que a situação da previdência deve se deteriorar a partir de 2008, quando 77 milhões de norte-americanos estarão aptos a se aposentar.

“Essa dramática mudança demográfica vai aumentar as demandas nos recursos da nossa nação. Os beneficios serão quase impagáveis se ações não forem tomadas”, disse.

Ele lembrou que a idade de aposentadoria aumentou de 65 para 67 anos devido a mudanças na legislação aprovada pelo Congresso nos anos 80, baseada em recomendações suas à época.

Déficit e juros

Em seu discurso no Congresso dos EUA, Greenspan advertiu para o risco de aumento nos juros norte-americanos de longo prazo para acompanhar o crescente déficit do governo dos EUA.

O presidente do Fed disse ainda que, para controlar o déficit fiscal, a melhor saída é o corte nos gastos. A outra opção, descartada por ele, seria aumentar os impostos.

No ano passado, os EUA tiveram déficit fiscal recorde de US$ 375 bilhões por conta do corte nos impostos e do aumento dos gastos, especialmente, com a guerra no Iraque.

Para este ano, a previsão é que o déficit fiscal fique em US$ 521 bilhões, recorde histórico.

“A exata magnitude desses riscos é muito difícil de calcular, mas eles são de preocupação suficiente, no meu julgamento, para se buscar cobrir o déficit fiscal, se não totalmente, pelo menos no lado das despesas”, disse.

Inflação

Greenspan disse ainda que a alta produtividade e a forte competição na economia global devem reduzir a inflação dos Estados Unidos.

“É a produtividade, é o extraordinário crescimento da competição que vem com a globalização”, disse Greenspan. As afirmações foram feitas em resposta às perguntas dos membros do Comitê de Orçamento da Câmara dos Deputados.

Greenspan afirmou, no entanto, que as mudanças não significam que a inflação está permanentemente controlada e que o Federal Reserve se mantém atento a pressões de preço.

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