O pagamento feito pela Grécia nesta terça-feira ao Fundo Monetário Internacional (FMI) pode ter sido um dos mais baratos da história do país. Atenas conseguiu ganhar mais tempo para negociar com os credores os termos de seu resgate internacional sem precisar recorrer a recursos internos, pois usou suas reservas mantidas no próprio FMI.
Décadas atrás, o FMI criou uma moeda única chamada “Direitos Especiais de Saque” (Special Drawing Rights) como base para financiamento de resgates emergenciais. Esses SDRs são compromissos para emprestar dinheiro a um país-membro em necessidade. Cada um dos 188 países-membros do FMI alocaram certa quantidade de SDRs com base no tamanho de seu voto no fundo, que é, no geral, determinado pelo tamanho de sua economia. Quando um país precisa de resgate, os outros membros do FMI emprestam uma parte de suas reservas conjuntas em SDRs.
Em 2009, quando a crise financeira derrubava a economia global, os acionistas do FMI acharam que os recursos de empréstimos do fundo não eram grandes o bastante para lidar com a turbulência econômica e concordaram em aumentar dramaticamente as reservas emergenciais na instituição. O FMI digitalmente criou novos SDRs, ampliando as reservas individuais dos países-membros. E, coletivamente, isso significava que os países-membros se comprometeram a fornecer mais vários bilhões de dólares às reservas emergenciais do fundo.
A maioria dos países teve de contabilizar esse potencial fornecimento maior de recursos emergenciais em seus balanços patrimoniais. Os EUA, por exemplo, separaram mais de US$ 100 bilhões para cobrir esse compromisso. Ao mesmo tempo, porém, a alocação de SDR não exigiu que os países enviassem dinheiro real para o FMI, a menos que eles fossem chamados para ajudar outro país.
A Grécia não precisou transferir dinheiro para o FMI, mesmo depois de sua parcela na reserva emergencial do fundo saltar de 15,5 milhões de SDR (equivalente a US$ 23,9 milhões) em 2008 para 694 milhões de SDR (US$ 1,09 bilhão) em 2009, quando o FMI criou digitalmente novos recursos.
Como esses ativos em SDR também são tratados como reservas cambiais para os países-membros, os governos têm o direito de usá-los para financiar suas várias obrigações, incluindo pagar empréstimos ao FMI. Os países não têm obrigação de devolver os recursos sacados em SDR, mas Atenas terá de pagar taxas de juros sobre os SDRs que usou para pagar o empréstimo ao FMI, acrescentando mais um item a sua longa lista de passivos. Fonte: Dow Jones Newswires.