Grécia deve ter controle de capital e saída do euro é provável, diz consultoria

A aceleração na retirada de depósitos dos bancos da Grécia e a relutância do Banco Central Europeu (BCE) em permitir mais empréstimos emergenciais a Atenas elevam a probabilidade de que a imposição de controle de capitais seja iminente no país, avalia em relatório a consultoria Capital Economics. Segundo ela, porém, esses controles poderão apenas retardar um default e a “provável” saída do país da zona do euro.

De acordo com o relatório, assinado pela economista sênior para Europa Jennifer McKeown, apenas nesta semana pelo menos 3 bilhões de euros foram retirados dos bancos gregos e “não há dúvida” de que o movimento deve continuar na próxima semana. Até agora, o BCE tem permitido que o Banco da Grécia forneça mais dinheiro aos bancos através da Assistência Emergencial de Liquidez (ELA, na sigla em inglês). Nesta sexta-feira, porém, o BCE decidiu conceder uma alta menor do que a de 3 bilhões de euros solicitada pelos bancos, o que para a consultoria sinaliza um desconforto do BCE com o uso da ELA, permitido apenas para bancos “solventes”. “Se a ELA não for elevada mais, medidas terão de ser tomada para conter a fuga de depósitos”, diz a Capital Economics.

O BCE disse no comunicado que “espera um resultado positivo” na reunião de emergência desta segunda-feira de líderes da zona do euro. Para a Capital Economics, isso parece uma pista de que mais aumentos na quantia repassada dependerão de garantias dadas por um acordo para garantir a solvência do governo e dos bancos gregos.

A Capital Economics diz que uma ideia do que pode acontecer vem da experiência do Chipre com controles de capital, imposta quando o BCE ameaçou retirar a ELA em 2013. Nos caixas, os cipriotas podiam tirar 300 euros ao dia, no máximo, e as transferências ao exterior eram limitadas a 5 mil euros. Além disso, os cipriotas somente podiam levar mil euros no máximo para viagens ao exterior.

A consultoria aponta que o controle de capitais atingiria as exportações, os investimentos e os gastos dos consumidores. Outra opção, avalia ela, seria que o governo mirasse nas grandes empresas, não nos gregos “comuns”. Segundo a Capital Economics, porém, há relatos de que a maioria dessas grandes companhias já retirou a maior parte de seus fundos do país, mantendo apenas o mínimo para continuar operando, enquanto mantêm contas em outras nações da zona do euro. Diante disso, para ter efeito, o controle de capital teria de ser aplicado também às transações menores e às retiradas de depósito conduzidas pelas empresas e consumidores gregos.

Uma opção seria fechar os bancos durante um período, antes da imposição formal dos controles de capital. Mas uma demora no fechamento dos bancos poderia provocar “um colapso econômico”, alerta a consultoria. Com isso, essa opção não parece realista, a menos que exista a chance iminente de um acordo com o BCE para permitir a volta do uso da ELA.

A consultoria disse que, caso o BCE retirasse a ELA para a Grécia, isso abriria um grande buraco no balanço dos bancos. “A única opção seria então que a Grécia deixasse a zona do euro e imprimisse seu próprio dinheiro, para recapitalizar o setor bancário”, afirma o relatório. (Gabriel Bueno da Costa)

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