Uma possível vitória de José Graziano da Silva na disputa ao cargo de diretor geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) poderá representar um aumento de parcerias internacionais para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que tem intensificado seu processo de internacionalização nos últimos meses. A avaliação foi feita pelo presidente da estatal ligada ao Ministério da Agricultura, Pedro Arraes, à Agência Estado, após encontro com o candidato brasileiro na sede da Embrapa, em Brasília.
“Fizemos uma avaliação do que está sendo realizado pela Embrapa no mundo e acredito que a vitória de Graziano poderá representar a intensificação de mais parcerias”, avaliou o presidente. A Embrapa, além de ter um escritório no Panamá, também possui uma série de acordos e atuações na África. O continente, que hoje é formado por 54 países, não tem candidato à vaga de titular número 1 da FAO. Por isso, o trabalho da Embrapa é visto como um cartão de visitas do Brasil nesse pleito.
Na quarta-feira, Graziano tratou de sua candidatura com o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e mostrou empenho em colaborar para a ampliação da atuação da estatal no exterior. Segundo Arraes, até o final do primeiro semestre deste ano, a Embrapa já deverá estar respaldada de todos os aspectos jurídicos para, de fato, trabalhar no exterior. No ano passado, a empresa conseguiu a formalização dessa ampliação de atuação por meio de uma Medida Provisória, mas o novo estatuto da companhia ainda não foi finalizado.
Até hoje, as atividades da Embrapa no exterior são feitas por meio apenas de parcerias. “Acredito que o trabalho da Embrapa possa favorecer o Brasil nessa disputa da FAO”, disse o presidente da empresa. Dada a importância que o Brasil vem ganhando no mercado internacional, Arraes avaliou que chegou o momento de o País conquistar uma visibilidade maior de atuação no exterior. “O Brasil tem péssima representação nos órgãos multilaterais porque se omite. Chegou a hora de nos expormos para ocuparmos esses cargos”, disse.
Graziano, ex-ministro extraordinário de Combate à Fome do governo Lula, é hoje o representante regional da FAO para a América Latina e o Caribe – ele se licenciou para participar da disputa. Além do ex-ministro brasileiro, são candidatos ao cargo outros cinco concorrentes: dois europeus, um da Indonésia e dois do Oriente Médio. A eleição ocorrerá dos dias 25 de junho a 2 de julho deste ano. Participam da votação 191 países, que possuem o mesmo peso de voto, independente de seu tamanho, da sua produção agrícola ou da necessidade de importação de alimentos.