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Foto: Agência Brasil

Bernardo Appy, da Fazenda: compromisso com a política fiscal.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernardo Appy, se mostrou bastante otimista em relação às chances de o Brasil crescer mais do que 3% e chegar a ser grau de investimento. ?Existe uma possibilidade, dentro dos próximos quatro anos, bastante grande de que o Brasil alcance esse grau de investimento?, afirmou, ontem, diretamente de Pequim, na China. O secretário foi ao país participar de um seminário sobre o sistema financeiro no Brasil, organizado pelo Banco do Brasil, BM&F e Banco Itaú.

Existe um consenso entre as agências de classificação de risco e analistas de que o País só pode crescer mais se forem feitos fortes ajustes fiscais. O secretário disse acreditar que o governo esteja fazendo sua parte e não acha que a questão fiscal possa atrapalhar o processo.

?Existe um compromisso claro desse governo com a manutenção de uma política fiscal que sinalize para a redução da relação dívida/PIB ao longo do tempo e uma preocupação com uma política fiscal que seja compatível com o projeto de desenvolvimento. Não entendo que deva haver políticas fiscais que dificultem o processo?, avaliou.

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O secretário citou a agência de classificação de risco japonesa R&I, que tem o Brasil a apenas um passo para obter o grau de investimento. Em julho deste ano, a agência elevou o rating do Brasil de ?BB-? para ?BB+?, com perspectiva estável.

Outras agências mais conhecidas, no entanto, como a Fitch e Standard & Poors têm o Brasil a dois degraus do grau de investimento. Já pela Moody?s, o País ainda precisa avançar três degraus do rol de países seguros para investimentos estrangeiros.

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Segundo Appy, o grau de investimento é conseqüência natural da gestão da política macroeconômica com foco no médio e longo prazos. Para ele, independente de quem seja o próximo presidente, esse compromisso com a política fiscal será assumido.

?Existe uma grande compreensão, do ponto de vista da sociedade, de se ter política fiscal sólida e consistente. Entendo que esse compromisso será assumido por qualquer que seja o próximo presidente do País?, disse Appy, acrescentando que o Brasil tem condições de crescer mais do que 3% nos próximos anos, ?com resultados já este ano?, e evitou falar se as estimativas para este ano poderiam ser revistas para baixo. O Ministério da Fazenda prevê crescimento do PIB de 4,% a 4,5% este ano, mas o mercado já reduziu sua projeção para 3,55%.

?Se for o caso, (a projeção) pode ser revista, dependendo de como estiverem agindo alguns indicadores até lá?, disse. Segundo ele, essa revisão do mercado, que consta na última pesquisa Focus do Banco Central, mostra que o mercado é mais ?reativo?. ?O ministério costuma ter uma visão mais de longo prazo e esperar para definir as tendências. Ele tende a esperar um pouco mais?, afirmou.

Dólar

O governo tem feito seu trabalho para que o dólar atinja um nível de equilíbrio, disse Appy, embora sem especificar qual seria esse nível. ?A trajetória do dólar no regime de câmbio vai conduzir necessariamente a um nível de equilíbrio que é compatível com o grau adequado de competitividade da economia brasileira.?

Segundo ele, o governo tem feito ?as políticas que considera adequadas? em relação ao câmbio, como a recomposição de reservas ?com resultados expressivos? e o pacote cambial. ?Mas eventualmente teremos algumas flutuações ao longo dessa trajetória.?

Appy evitou falar sobre a medida provisória para tentar baixar os juros bancários que deve ser editada até o dia 29. Ele justificou que ainda não tinha tido acesso à entrevista exclusiva com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, publicada ontem no jornal O Estado de S.Paulo. Mas afirmou que os altos juros cobrados pelos bancos não baixam somente por causa da maior inadimplência, como alegam os bancos, mas também por causa do alto grau de competição do sistema.