Com crise ou não em 2010 e nos anos seguintes, a infraestrutura do Paraná e do Brasil deverá estar entre as prioridades dos governos. Para eles, estradas precárias ou subdimensionadas, a falta de aproveitamento do potencial hidroviário e o atraso do sistema portuário são obstáculos à recuperação do País.
Esta e outras conclusões foram tiradas em um debate realizado ontem, na sede do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR). A ideia da entidade era analisar as perspectivas para a economia paranaense e brasileira em 2010.
“O Brasil pode não crescer entre 4% e 5% no próximo ano, como se projeta, por não ter por onde tirar a produção”, afirmou o consultor técnico para assuntos de logística e infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antonio Fayet.
Para ele, portos como o de Paranaguá sofrem com problemas de gestão que acabam deprimindo os preços pagos aos produtores. No caso da soja, em 2007, a redução foi de R$ 3 por saco.
Fayet também lembrou da falta de estrutura na região Centro-Norte do País especialmente na faixa que vai de Rondônia ao Maranhão, pode atrasar o desenvolvimento da agricultura em todo aquele território e, por consequência, a expansão do agronegócio nacional. Ele projeta que o segmento tem espaço para dobrar a produção em 10 anos.
“A precariedade da infraestrutura paranaense está fazendo com que o Paraná seja riscado do mapa por novos investidores”, concordou o diretor do curso de economia da FAE, Gilmar Mendes Lourenço, citando também um possível apagão logístico no País.
Para ele, o afastamento do Brasil da crise ainda pode passar por entraves internacionais, como a demora na recuperação da economia global, e internos, como o elevado custo do capital.
O economista Leonardo Deeke Boguszewski, do Paraná Banco, que abordou os aspectos do mercado financeiro, ressaltou que é difícil avaliar as perspectivas do setor para 2010.
“As projeções devem ser feitas para 10 anos, e não um”, explicou. Na avaliação dele, não existe um descolamento do Brasil em relação à crise mundial. “Nosso crescimento ainda está sobre uma base muito frágil”, concluiu, lembrando que o País ainda tem espaço para reduzir os juros.
Já o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sandro Silva, lembrou que os grandes desafios do Estado em relação ao emprego, hoje, são reduzir as altas taxas de informalidade (44,3%) e de rotatividade (em 2008, 35,6% dos trabalhadores formais tinham menos de um ano de emprego), além dos baixos salários – cerca de metade dos trabalhadores paranaenses ganhavam, no ano passado, menos de dois salários mínimos mensais.